Em 2014, o Brasil conseguiu sair do mapa da fome, de acordo com o Fundo das Nações Unidas, o que representou grande avanço na segurança alimentar brasileira. Todavia, a total garantia dessa segurança só será atingida a partir do controle estatal sobre produção de alimento e da educação alimentícia. Ao escrever o livro “A política”, Aristóteles aborda a necessidade da política para a vida nas polis (cidade) e sua importância à formação da sociedade, expressando que apenas por meio dessa pode ser alcançado o equilíbrio social. Sob essa perspectiva, a falta do controle estatal na produção de alimento cria um desequilíbrio social, porquanto não há o estabelecimento, para o agronegócio, de taxas mínimas de produção que alimente o mercado interno. Por conseguinte, advindo de uma sociedade capitalista, o mercado agropecuário busca maximizar os rendimentos, e, com a falta desse controle, direciona-se para a venda externa, na qual obtem mais lucro. Assim, há o enfraquecimento do mercado interno, que é o responsável pela alimentação da população, afetando a segurança alimentar do Brasil. Ademais, a carência da educação alimentícia causa a falta de informação e de discussão sobre o tema, o que gera uma sociedade alienada em relação às consequências advindas da má alimentação, além de uma população que não incentiva a comercialização de produtos saudáveis. Segundo pesquisa da Shopper Experience, 74% dos brasileiros preferem comer “fast-food” à outra comida. Logo, evidencia-se a falta de conhecimento ao escolher o produto, já que o fato do “fast-food” está relacionado à obesidade e a problemas cardíacos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, não entra como peso na escolha. À vista disso, o comércio voltado para comidas saudáveis torna-se decadente, com menos opções e maiores preços para o povo, intensificando o péssimo hábito alimentar brasileiro. Dessa forma, é necessário que o Governo Federal, por meio de criação de leis pelo processo legislativo, proponha, para os produtores agropecuários, um percentual mínimo de produção voltada para a alimentação do mercado interno. Outrossim, o Ministério da Educação deve instituir palestras nas escolas que exponham os benefícios da saúde de uma alimentação saudável. Ambas as intervenções aumentarão a segurança alimentar, seja pela manutenção de um mercado interno forte, que supra as necessidades da sociedade, seja por apresentar os benefícios de alimentação saudável, incentivando a busca de melhor qualidade de vida, fazendo com que a expressão “morto de fome” seja usada apenas em seu sentido figurado.