A Constituição Federal brasileira, promulgada em 1988, assegura o acesso à alimentação como direito básico dos cidadãos. Todavia, é indubitável que, com o avanço do capitalismo e, consequentemente, a ascensão dos “fast-foods”, as práticas alimentares saudáveis nem sempre são priorizadas. Nesse sentido, convém destacar aspectos motivadores para tal postura, bem como seus efeitos precípuos. Cabe pontuar, em um primeiro plano, a padronização de costumes como fator preponderante para o consumo de alimentos prejudiciais à saúde. Segundo Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Analogamente, pode-se afirmar que os indivíduos priorizam comidas industrializadas, em detrimento das caseiras, com base nas preferências do meio que o cercam e nos lançamentos promovidos pela indústria hodierna, os quais despertam nos cidadãos uma espécie de “fetiche da mercadoria”. Dessa forma, o consumo de certos alimentos torna-se essencial para o bem-estar social. Vale ressaltar, em uma análise mais profunda, os impactos que a insegurança alimentar provoca na saúde e na cultura imaterial. Segundo concepção lamarckista, o meio determina o ser. Sob tal ótica, é inegável que vários transtornos de saúde – tais como infarto e hipertensão arterial – são reflexos da conduta alimentar do indivíduo. Outrossim, conforme a jornalista Juliana Dias, o alimento é um exemplo de patrimônio imaterial, o qual é transmitido às gerações posteriores por meio da valorização deste no período vigente. Sendo assim, é incontrovertível que a massificação dos hábitos alimentares ocasiona a perda da identidade alimentar. Urge, portanto, a necessidade de medidas para a resolução do imbróglio. Nessa perspectiva, é imprescindível que a mídia utilize o seu poder de disseminação de informações e formação de valores para estimular o tecido social a adotar hábitos alimentares saudáveis, o que pode ser feito por meio de propagandas televisivas em horário comercial, com a participação de celebridades nacionais. Além disso, é essencial a atuação das escolas na promoção de aulas específicas, com profissionais especializados, acerca da importância da qualidade alimentar para o aumento da longevidade. Só assim, com a aplicação de mecanismos exitosos, garantir-se-á a segurança na alimentação prevista na Constituição do Brasil.