Nos últimos 100 anos, o Brasil se tornou um relevante ator no cenário alimentício global por meio da exportação de carne, café e suco de laranja. Em contrapartida, a questão da segurança alimentar, perpassando pela garantia deste direito na sociedade brasileira, urge por mudanças significativas. Sob essa perspectiva, entende-se que o uso desenfreado de agrotóxicos e o estímulo à priorização do consumo de alimentos industrializados são, sem dúvida, canalizadores do problema. A crescente utilização de alimentos industrializados em detrimento dos naturais gera insegurança alimentar. Esse processo ocorre devido à falta de nutrientes essenciais em alimentos produzidos quimicamente em larga escala. Ao mesmo tempo que a utilização de enormes reatores de mistura possibilita a geração de alimento em massa, tais processos implicam utilização de substâncias prejudiciais à saúde, tais como conservantes. Ademais, sob a perspectiva de que o alimento é uma mercadoria, as mídias impulsionam o consumo de alimentos pouco ricos em nutrientes. Nesse sentido, a obesidade e a diabetes são produtos dessa correlação. Além disso, verifica-se como intrinsecamente relacionado à problemática da segurança alimentar a aplicação exagerada de agrotóxicos. Sob a alegação de que essas substâncias são responsáveis pela eliminação das pragas, projetos de leis como o PL 6.299/2002, que visa facilitar a liberação de agrotóxicos no Brasil, são discutidos no Congresso Nacional. Entretanto, o Brasil caminha na contramão de normas internacionais, que por sua vez almejam diminuir a quantidade de agrotóxicos na alimentação, uma vez que estes destróem não somente as pragas, como interferem negativamente no meio ambiente e no corpo humano. Dessa forma, é fundamental que o uso dessas substâncias seja reduzido para garantir a segurança alimentar. Logo, o Brasil, como importante ator no âmbito alimentício mundial precisa reverter seu quadro de insegurança alimentar. Desse modo, as ONGs em ação conjunta com as mídias devem produzir e divulgar campanhas publicitárias que informem e frisem à população brasileira sobre a importância da escolha de alimentos naturais no seu cotidiano. Para garantir a eficácia dessa proposta, é preciso que o Poder Legistativo aprove leis que busquem reduzir a quantidade de agrotóxicos utilizados, além de restringir o uso de substâncias reconhecidas como nocivas por instituições científicas internacionais. Além disso, o governo por meio do Ministério da Agricultura deve subsidiar a produção de alimentos naturais por pequenos produtores para que alimentos seguros possam chegar à mesa de todo o corpo social brasileiro a preços acessíveis. Com isso, o quadro atual de insegurança será superado e a segurança alimentar será realidade para todos os brasileiros.