É incontrovertível que os avanços tecnológicos ocupam a vanguarda dos fatores que melhoram a qualidade de vida da humanidade. Desde o século XVIII, com o advento da revolução industrial, o mundo acompanha com excitação as descobertas científicas que culminaram na atual era da informação globalizada. Toda comunicação é realizada na velocidade de um clique, e cada nova “curtida” é a esperança do próximo “like”. Porém, a despeito desses benefícios, surgem questões concorrentes relacionadas ao uso excessivo das tecnologias: a dispersão social e as patologias psíquicas. Na pós-modernidade, conceito elaborado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as relações sociais se dissolvem de forma fluída em um contexto de constante mudança. Nesse sentido, o uso abusivo de redes sociais e “smartphones” contribuem para um distanciamento das pessoas, bem como para um deslocamento sistemático de seus usuários com a realidade. Essa dispersão do convívio favorece um mundo de vínculos frágeis e efêmeros. Além do prejuízo social, em casos mais graves o uso demasiado de telefones e internet gera uma dependência perigosa chamada nomofobia. Pesquisa recente mostra que 54% dos entrevistados não suportariam um período longo longe do celular. A compulsão é tamanha, que em casos extremos a ausência do celular pode acarretar desconfortos físicos e crises de ansiedade. A problemática é complexa, tendo em vista que os “smartphones” são peças indispensáveis para a vida cotidiana. Contudo, algumas medidas podem ajudar a resolver o impasse. É imperativo que a nomofobia seja encarada como questão de saúde pública, tendo assim ampla campanha de conscientização na mídia. Outrossim, o ministério da educação pode desenvolver matrizes curriculares que abordam o tema, além de estimular o convívio dos discentes no mundo “off-line”. Ademais, a família pode ter um papel importantíssimo, ao fomentar atividades lúdicas como prática de esportes e brincadeiras de rua, buscando assim uma maior interação entre os jovens fora do ambiente das redes sociais. Sendo assim, com alguns cuidados, e mesmo com todas as dificuldades, é possível ter um relacionamento saudável e construtivo com o mundo contemporâneo e suas novidades.