Título da redação:

O Sobrevivente

Tema de redação: Como enfrentar o dilema da nomofobia no Brasil

Redação enviada em 23/09/2017

Posterior à Segunda Guerra Mundial, a Revolução Técnico-Científica principiou a agregação do conhecimento científico ao processo industrial, viabilizando o desenvolvimento de softwares, computadores, tecnologia microeletrônica e do sistema de telecomunicações, com ênfase à expansão da telefonia móvel. Nesse ínterim, observou-se a incorporação da tecnologia ao cotidiano, fazendo com que simples procedimentos, como transações bancárias e comunicação entre grupos de indivíduos, fossem agilmente concluídos a um toque. Todavia, a exacerbada presença tecnológica na vida em sociedade acarreta não somente na alteração dos tipos de interações sociais, como também na dependência dos indivíduos para com os aparelhos eletrônicos. Segundo pesquisa realizada pela revista americana “Time”, por volta de 60% da população brasileira afirma utilizar o telefone celular a cada trinta minutos, qualificando esse tipo de aparelho como um dos que mais cativam seus usuários, haja vista as inúmeras ferramentas que lhes proporcionam, incorporadas gradativamente a novos modelos, criando um ciclo de novas tendências que se tornarão rapidamente obsoletas. Ademais, as redes sociais e seu intenso fluxo de informações contribuem no que tange à dependência tecnológica, uma vez que possibilitam a seus utilizadores a imersão em uma nova realidade, na qual possuem a liberdade de moldarem suas próprias características. Embora esse mundo virtual seja responsável por um dos grandes avanços no ramo da comunicação global, tendo em vista sua capacidade de promover conectividade entre indivíduos das mais diversas localidades geográficas, por outro lado, modifica as relações sociais de forma a torná-las abstratas, devido à troca do contato físico pelo virtual, tal como a permuta de fotos íntimas – os conhecidos “nudes” – que substituem, muitas vezes, relações sexuais entre casais. Além disso, a frequente utilização desse recurso tecnológico é passível a propiciar em seus usuários graves impactos mentais, atrelados a um distúrbio intitulado “nomofobia”, no qual o indivíduo apresenta pânico na possibilidade de ficar sem seu dispositivo. Contudo, o diagnóstico dos portadores da síndrome é um dos maiores obstáculos para seu tratamento, em função dos indivíduos não reconhecerem que apresentam o problema, principalmente por não saberem de sua existência. Com o intuito das facilidades tecnológicas serem usufruídas de maneira a não se tornarem prejudiciais, é primordial que haja uma análise da sua influência no meio coletivo. É imprescindível, desse modo, a incumbência do governo federal em promover palestras com psiquiatras, desenvolvedores de softwares e engenheiros de computação, a fim de mostrar à população a forma correta de se utilizar a tecnologia, sem que ocasione vícios. Por fim, é mister com que o governo federal disponibilize aos cidadãos informações a respeito da nomofobia, por meio dos principais veículos de comunicação de massas, juntamente com o oferecimento de auxílio psicológico aos seus portadores, mediante a disponibilização de psiquiatras, psicólogos e psicanalistas, visando maior eficácia no tratamento. Somente assim será possível utilizar a tecnologia de maneira responsável, a fim de que não crie reféns das máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples, segundo as palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade.