Título da redação:

Comodidade paradoxal

Proposta: Como enfrentar o dilema da nomofobia no Brasil

Redação enviada em 07/09/2017

Desde o governo de Juscelino Kubitscheck, é notável a associação direta entre tecnologia e progresso, evidenciada pela política dos “50 anos em cinco”. Contudo, no Brasil, percebe-se, hoje, que a presença exagerada de ferramentas informacionais, como os celulares, no dia a dia pode trazer consequências negativas para os usuários, entre elas a nomofobia. Nessa perspectiva, é válido discutir a respeito das motivações econômicas e culturais envolvidas nessa problemática, visando ao bem-estar da coletividade. Em primeira instância, é perceptível a exploração financeira, realizada por conglomerados industriais, da dependência tecnológica. Tal atuação notabiliza-se pelo impulso à constante renovação instrumental, baseada no que se convencionou chamar de “obsolescência programada”. Isso ocorre através da visão Marxista de fundamentação do sistema capital pela discrepância entre classes, logo, constata-se a associação da capacidade de consumir com o status social. Assim, em uma tentativa de manutenção das aparências, ligadas à posse de ferramentas informáticas mais atualizadas possível, há aumento da compra e maior aproximação com dispositivos “mobile”, podendo levar a um estado de compulsão no indivíduo. Outrossim, é válido ressaltar a construção cultural em torno das causas da nomofobia. Retomando elementos cinematográficos de massa, no século XX, percebe-se a representação de um futuro utópico aliado ao auge das máquinas. Essa perspectiva exacerbada, presente até na exaltação industrial da vanguarda futurista, parece ter contaminado a ideologia da população até os dias de hoje. Em vista disso, o desenvolvimento de meios digitais para realizar tarefas relativamente simples, seja para pedir comida, seja para criar laços afetivos, aparenta embasar-se nessa praticidade da inovação, aumentando a dependência tecnológica. Infere-se, destarte, que é necessário transpassar esses obstáculos para promover a quebra do paradoxo comodidade-dependência causado pela tecnologia. Com vistas a esse fim, é essencial a participação da Escola ensinando aos jovens a importância de controlar o uso de aparelhos eletrônicos, bem como o seu consumo consciente, desconstruindo o paradigma da renovação constante, por meio de palestras ministradas por psicólogos experientes no trato da nomofobia. Para mais, é fundamental que o Poder Público desvincule tecnologia de seu caráter idealizado, através de campanhas publicitárias que destaquem, para os cidadãos, as consequências negativas do uso, em demasia, de "dispositivos inteligentes" e afins.