"Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar.". Essa frase, uma das mais conhecidas do sociólogo Zygmunt Bauman, evidencia na segunda parte uma das consequências marcantes para quem vive hoje no mundo globalizado. Em particular para os adolescentes, que evidentemente são os mais suscetíveis a transtornos psicológicos, as transformações nesses novos tempos forçam todos buscarem adaptar-se às novas relações sociais. Desse cenário, problemas relevantes à saúde pública como o aumento do consumo de drogas lícitas pelos mais jovens aparece como consequência dos males da modernidade. Em todo o mundo, o consumo de álcool e tabaco pelos adolescentes é tema recorrente, e existe a concordância de que inicia-se durante a puberdade. A razão para isso é que esse período é marcado por intenso sofrimento psíquico e busca por identidade para o futuro adulto; em uma pós modernidade em que nada é estático, nem mesmo as relações sociais que fazem uso da identidade própria de cada um. A saída mais confortante encontrada pelos mais jovens para fugir da pressão e imediatismo atuais é se entregarem ao consumo de bebidas alcoólicas e cigarros, recursos que oferecem diversão passageira e estímulos contínuos. Além disso, a ansiedade, tratada como mal do século, tem papel substancial a ser entendido como responsável pelo aumento do consumo de drogas lícitas. Ela se manifesta como consequência da alta cobrança imputada sobre os adolescentes em se tornarem auto-sustentáveis cada vez mais cedo, de serem melhores que seus pais um dia foram e, nesse sentido, o medo do fracasso é tão recorrente que por vezes suplanta o objetivo de ser feliz. A busca pelos prazeres do álcool e do tabaco, por esse ponto de vista, requer uma compreensão dos efeitos da "modernidade líquida", nas palavras do sociólogo polonês, para que possa ser entendida e combatida. Desse modo, o combate ao aumento do consumo de drogas lícitas por adolescentes transcende iniciativas legislativas, e se manifesta como um problema conjuntural que requer medidas de readaptação dos processos pedagógicos por parte dos pais e das escolas. As instituições educacionais devem realizar campanhas de conscientização, apoiadas por psicólogos especialistas em comportamento infanto-juvenil, que por meio de cursos e debates abordem a problemática na contemporaneidade, para que assim seja possível oferecer aos pais e responsáveis um projeto de desenvolvimento saudável para os mais jovens, que seja colocado em prática na educação de seus filhos e que cumpra o objetivo de fugir do imediatismo e alta cobrança.