O fantasma da estratificação social é imune ao tempo e através dos séculos se reinventa, da vassalagem da idade média ao operariado emergente do século XIX, da segunda grande guerra ao mundo globalizado. A divisão de classes se mostra presente em diferentes momentos históricos, e nos dias atuais assume características cada vez mais peculiares, através de leis informais que marcam de forma cruel o mundo contemporâneo. Fruto dessa divisão, hoje legitimada por estado e sociedade, vê-se a mácula da opressão, da pobreza e do abandono, pilares de um sistema cruel, que só poderá ser abolido com o fim deste apartheid social. No Brasil o problema se agrava pelo conformismo, por uma população orgulhosa de receber rótulos e um governo disposto a entregá-los . É o caso da “ascensão da classe C” tão aplaudida e exposta nos últimos anos, um fenômeno que de forma geral não significou muito quando se fala em IDH e foi determinante apenas para a economia, aí se vê como a divisão em classes é ilusória, e o quão arraigada no senso comum ela está. Seja pela luta de classes que não veio, ou pela ambição e prestígio de certas classes em detrimento das outras esse sistema faliu, e foi-se sem deixar um bom legado. O agravamento da tensão social nos diferentes ambientes e a exclusão latente de indivíduos, baseada unicamente em questões socioeconômicas são suas grandes marcas. É o que se percebe à partir da formação e da evolução das favelas brasileiras, da periferia pouco assistida, da dignidade negada a tantos pela miséria. Dado o exposto os abismos gerados pelas classes sociais se confirmam, presentes e perigosos. Incutir na sociedade os valores de igualdade, fraternidade e liberdade, tão difundidos durante a revolução francesa, ajudar a ressuscitar no cidadão a consciência de que todos somos parte integrante e importante para um bom quadro social, são metas que devem ser lançadas para alcançar a harmonia. Através de ações conjuntas entre escolas estado e sociedade, como a realização de congressos, simpósios e debates é possível reverter a atual situação , mostrando ao povo que é possível derrubar fronteiras principalmente a fronteira das classes, que não se sustenta sem a aceitação.