Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Cibercondria: a doença da era digital

Redação enviada em 23/06/2019

Anteriormente ao advento da internet, o acesso às informações acerca das doenças, e de seus respectivos tratamentos, ocorria tão somente nas consultas médicas. Todavia, desde que a internet se tornou presente na maioria dos lares, tornou-se mais fácil consultar conteúdos relacionados ao universo da saúde, o que possibilitou não somente o esclarecimento de dúvidas sobre patologias, sintomas e medicamentos, mas também a piora de quadros de ansiedade relacionados aos diagnósticos médicos. Em parte, a busca por informações na internet é decorrente da inaptidão de muitos médicos em esclarecer as dúvidas dos pacientes durante as consultas, mas ocorre também pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde, em especial pelos mais pobres. Surgida na década de 1960, no auge da Guerra Fria, a internet revolucionou os meios de comunicação ao possibilitar o acesso massivo e global aos mais variados assuntos, dentre os quais destacam-se os referentes à saúde humana. Porém, o acesso facilitado às informações técnicas detalhadas, sem a orientação de um profissional de saúde, pode agravar o estado daqueles que têm predisposição para quadros de ansiedade, em especial os relacionados à saúde, desencadeando um estado conhecido como cibercondria, ou ‘síndrome da pesquisa na internet’, explica Emily Doherty, especialista em comunicação. Segundo Doherty, a ansiedade sobre a própria saúde põe em risco a segurança dos pacientes, uma vez que os afetados por essa síndrome da era digital tendem a hipervalorizar sintomas simples, subestimar os graves, interpretar erroneamente exames e, principalmente, desobedecer orientações médicas em virtude da adoção de tratamentos alternativos. Ademais, a busca incessante por diagnósticos na internet priva os doentes da relação médico - paciente, fundamental para a realização do diagnóstico e para a instituição de um plano terapêutico adequado e seguro. Apesar do exposto, o maior risco da utilização da internet para pesquisas em saúde envolve a parcela mais pobre da população que, normalmente, não tem acesso aos serviços de saúde. Comumente, os desvalidos buscam, na internet, soluções para os seus sofrimentos, transformando, assim, as ferramentas de busca online em seus médicos, fato esse que deu origem ao jargão popular ‘Doutor Google’, de acordo com Roberto Vasconcellos, pesquisador em comunicação em saúde. Para o especialista, o uso do Google para esse fim tem origem na impossibilidade de consultar um profissional médico, além da insuficiência dos atendimentos médicos prestados, que muitas vezes são pobres em detalhamentos e informações, confundindo e amedrontando os pacientes que, por sua vez, vão buscar na internet o alívio para suas angústias. Frente a isso, tornam-se óbvios os perigos da prática que, inadvertidamente, conduz à auto-medicação, à adoção de tratamentos alternativos e, principalmente, ao agravamento da doença de base. Logo, para mitigar os danos decorrentes da cibercondria, caberá ao comitê gestor do Google, em consórcio com hospitais-escola, o desenvolvimento de campanhas de conscientização direcionadas aos usuários que buscam informações sobre saúde. Para tanto, deverá ocorrer a publicação periódica de folders digitais de alerta sobre os riscos do autodiagnóstico e da automedicação. Complementarmente, deverão ser desenvolvidos pelo Google alguns algoritmos de redirecionamento, cujo objetivo será conduzir os navegantes aos sites dos hospitais de referência, com conteúdo seguro e revisado por diversos especialistas, a fim de promover benefícios reais à saúde dos usuários, impedindo, assim, a manifestação e os prejuízos decorrentes da cibercondria.