Os últimos anos foram marcados por movimentos sociais que tiveram suas idéias difundidas, em maior escala, graças à internet. No entanto, a nova forma de ativismo resultante mostra-se por vezes ineficiente em sua aplicação prática . Diante disso, levanta-se a questão : o ativismo cibernético possui veracidade como forma de ativismo? Luís Vaz de Camões, poeta português, dizia que as mudanças são intrínsecas à vida e que novos tempos trazem novas vontades acompanhada por novos hábitos. De maneira análoga, é possível perceber que o ativismo social segue a teoria do poeta, uma vez que, nos dias atuais, a presença física se tornou dispensável à comunicação entre indivíduos. Portanto, o ativismo virtual representa uma adaptação às mudanças da vida em sociedade e não deve, por sua forma, ser desmerecido em essência. Porém, ainda que válido como meio de reivindicação, as redes sociais tendem a reproduzir um ativismo superficial, com muito barulho mas que pouco se traduz nas ruas e urnas. Os internautas traçam um perfil em suas redes sociais, através de discursos autossuficientes, que simulam um real engajamento à causa em questão e que proporcionam a sensação de dever cumprido como cidadão, sem, de fato, realizarem nenhuma mudança. Logo, usufruir dos benefícios dessa nova forma de interação social é fundamental para que o povo brasileiro exerça sua participação nas decisões políticas. Para isso, é preciso que haja um compartilhamento de responsabilidades: o Legislativo precisa fornecer uma plataforma virtual com a qual as pessoas possam interagir de forma mais direta e eficiente nas mudanças da constituição, além disso, o Ministério da Educação precisa inserir a educação política na grade curricular obrigatória das escolas, para que, desde cedo, as crianças tenham conhecimento não só dos seus direitos mas também dos seus deveres como cidadão. Em síntese, desde que haja diálogo e comprometimento entre todas as esferas da sociedade, o ativismo cibernético será tratado com maior seriedade e servirá como uma ferramenta real, acessível e democrática na prática civil individual.