Título da redação:

Ativismo volátil

Proposta: Ciberativismo: Ferramenta de protesto ou falso ativismo?

Redação enviada em 22/08/2016

A Revolução Técnico-científica-informacional implicou no advento, junto à internet, do ciberativismo, cuja propriedade é embasada na manifestação através da mídia virtual, a qual reúne e conecta exponencialmente os indivíduos de uma comunidade. Nesse âmbito, as aplicações do ciberativismo são infinitas: desde protestos contextualizados em um pequeno grupo até um contingente social considerável, como uma nação. Em virtude disso, nota-se a configuração da internet como um relevante mecanismo de reivindicações sociais na sociedade contemporânea, todavia, por atuar em ambiente vasto, é suscetível à efemeridade do meio. Em 2010, uma onda revolucionária, fomentada pela discussão nas mídias virtuais, denominada Primavera Árabe, percorreu o Oriente Médio derrubando gestões ditatoriais responsáveis por atrocidades inquestionáveis, sendo, dentre elas, a repressão à liberdade individual. Embasado nisso, infere-se que a tendência dos indivíduos inseridos no mundo globalizado é conectarem-se por meio de causas ideológicas e se comprometerem à reformulação de questões sociopolíticas. Ademais, outro fator crucial que conduz a isso é a inspiração de ações positivas de comunidades para outras, isto é, a ascensão de um movimento de caráter revolucionário na Tunísia propagou-se para outras sociedades sujeitas a condições semelhantes. Apesar disso, manifestações formidáveis fundadas na internet, que resultam em uma transformação íntegra na forma de conduzir um Estado, ainda são exceções na sociedade vigente. Tal fato se deve à fluidez das relações sociais; consoante ao sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as redes sociais são a primordial ilustração da modernidade líquida, que se configura pela fragilidade das relações e superficialidade dos laços. Nesse meio, inúmeras problemáticas são salientadas, no entanto, logo o foco é dissipado em decorrência do imenso número de informações, notícias e assuntos, propiciados pelo mesmo mecanismo de comunicação – a concretização desse exemplo, no Brasil, se encontra nas manifestações de junho de 2013, que, embora tenha reunido um aglomerado considerável de cidadãos no meio físico, não efetivou a reforma programada em decorrência, principalmente, da dissipação dos manifestantes após o mês destacado. Destarte, é imprescindível que os membros influentes da sociedade civil organizem os protestos pacíficos por intermédio da internet, entretanto, ratificando constantemente a causa das manifestações a fim de evitar a dispersão do movimento; ademais, é preciso usar do mecanismo publicitário para abranger um número maior de adeptos e, paralelamente, incentivar a ação no meio físico, não exclusivamente no virtual. Além disso, compete ao Estado reunir e atender as reivindicações – conforme a demanda, necessidade e possibilidade – abstendo do uso da violência, freando apenas uma possível ruptura da ordem. Dessa forma, o ciberativismo será um aspecto benéfico para a sociedade, tendo sua efemeridade reduzida.