O período da Idade Média foi marcado pela hegemonia da Igreja Católica, a qual considerava os livros elementos subversivos que deveriam ser mantidos longe do alcance popular. Em contraste a esse passado histórico, a literatura hoje não está mais sob censura, tampouco enclausurada em mosteiros medievais. No entanto, ainda não é possível afirmar que a leitura seja um hábito comum entre muitos brasileiros e isso se deve em parte à falta de incentivo durante a formação escolar e aos preços cobrados pelas publicações. O motivo pelo qual muitas obras de filósofos e cientistas integraram, séculos atrás, o index de textos proibidos pela Santa Sé foi porque os livros são vetores de conhecimento. O modelo de ensino praticado em muitas escolas no Brasil, entretanto, não apresenta a leitura como uma ferramenta de esclarecimento e lazer salutar, mas como uma atividade enfadonha, a qual muitos estudantes não valorizam por não terem sido devidamente estimulados ainda na infância. Um reflexo desse desinteresse demonstra-se no fato de o Brasil ocupar posição bem inferior em relação a outros países sulamericanos - a exemplo de Uruguai e Chile - no ranking de leitores. Em princípio, tal desempenho se justifica pelo esforço dessas nações em difundir a leitura como um hábito prazeroso e necessário. Porém, em contrapartida, há outro fator em questão, desta vez monetário: livros são artigos caros no Brasil, devido à carga nacional de impostos cobrados, que eleva os preços e dificulta a aquisição. Nesse contexto, duas reformas precisam ser empreendidas no nosso país. A primeira é mais complexa e diz respeito à reciclagem e modernização do ensino básico, o qual deve priorizar o desenvolvimento da aptidão interpretativa, em detrimento da memorização simplista dos conteúdos. Para isso, o Ministério da Educação deve promover a capacitação de professores e pedagogos, enquanto também investe na instalação de mais bibliotecas públicas. Ademais, a segunda medida deve ser implementada na tributação, visando o barateamento de itens relacionados à educação. Com efeito, proporcionar acesso à leitura significa garantir a formação de cidadãos mais conscientes, aptos a melhorarem a realidade que os circunda.