Foi-se o tempo em que moças e rapazes passavam horas nas varandas de suas casas lendo os contos machadianos ou os romances de José de Alencar. Há alguns séculos, a literatura era sinônimo de status, de intelectualidade e, também, um dos principais assuntos nas rodas de conversas. Entretanto, essa realidade mudou e hoje se estima que menos de 30% da população lê pelo menos um livro por ano. O que acaba sendo motivo de grande preocupação, pois a literatura, de modo geral, é uma importante ferramenta para o desenvolvimento do país. Esse cenário é o resultado do descaso do governo com a educação durante muitos anos. Nesse contexto, as pessoas foram aos poucos perdendo o interesse pela leitura e hoje uma boa parcela da sociedade mal termina o ensino médio. Ademais, o poder público tem adotado políticas de importação de mão de obra, assim, o desestímulo educacional é agravado. Todavia, para resolver esse impasse deve ser feito o oposto, pois a leitura amplia a capacidade de expressão, a percepção de mundo e o poder argumentativo do indivíduo. Desse modo, muitas questões problemáticas podem ser resolvidas no Brasil, inclusive a falta de profissionais. Não se restringindo a isso, o desenvolvimento dos produtos eletrônicos também contribuiu para essa realidade. Os pais, de forma inconsequente, têm trocado os livros infantis que estimulam a leitura por dispositivos eletrônicos. Assim, as crianças crescem viciadas nesses produtos e acabam se tornando jovens alienados por essas tecnologias. De forma paradoxal, a tecnologia que seria de grande importância para educação acaba se tornando uma arma contra o desenvolvimento da mesma. Tendo em vista a frase do filósofo prussiano Immanuel Kant – O ser humano é aquilo que a educação faz dele, é, portanto, necessário que sejam tomadas algumas medidas para a resolução dessa questão. Ao invés de trazer profissionais estrangeiros para cá, deve-se ampliar o investimento na educação e ampliar o acesso ao ensino superior. O ministério da educação deve formar parceria com órgãos privados para criar aplicativos que estimulem à leitura, trazendo, por exemplo, livros infantis digitalizados. Desse modo, esses aparelhos seriam usados de forma eficaz para a edificação intelectual dessas crianças e o Brasil terá uma geração futura de pensadores e não de alienados.