Um livro é feito de ideias, de vidas, de histórias e, sobretudo, de leitores, sem os quais ele é apenas ornamental. Infelizmente, é dessa maneira que é vista a maioria dos livros nas bibliotecas brasileiras. Entre os brasileiros com acesso a bibliotecas, o hábito de ler é escasso, e entre aqueles sem esse acesso é praticamente nulo. Mediante a compreensão dos motivos pelos quais diferentes faixas etárias e classes sociais deixam a leitura de lado é possível tomar atitudes para mudar este cenário. Apenas em 2014, a maior parcela da população brasileira deixou as classes mais pobres e ingressou na classe média. As dificuldades inerentes da sobrevivência nas classes sociais mais baixas tornaram para muitos a aquisição de livros um luxo com o qual não poderiam arcar. Estas pessoas lutavam por um teto sob o qual dormir, pela passagem de transporte público para ir à aula e pela alimentação básica. Livros, portanto, estavam longe de sua realidade, um distanciamento maximizado pelo difícil acesso à educação de qualidade pelas camadas menos abastadas. Mesmo agora que a população cresceu em poder aquisitivo, as consequências de um pouco à literatura são sentidos em uma cultura que tradicionalmente ignora a leitura. Entre a população adulta da classe mais favorecida financeiramente, esta cultura impacta de maneira similar. A maioria também ascendeu socialmente apenas recentemente e se submete a jornadas de trabalho pesadas, que as esgota física e mentalmente, para sustentar seu padrão de vida. Esse grupo sacrifica o tempo que poderia ler, mas estimula que seus filhos sejam leitores. Assim, estes acabam sendo os brasileiros que mais compram livros. Como mostram as estatísticas do El País Brasil, os títulos mais adquiridos são aqueles cujo público alvo é infanto-juvenil ou jovem adulto de classe social alta, como Crepúsculo e A Culpa é das Estrelas, ambos adaptados em filmes homônimos. Dessa forma, a abordagem para um Brasil mais leitor depende do aproveitamento da oportunidade que o país tem no momento atual, oriunda da ascensão social de seu povo. Essa oportunidade deve ser aproveitada para mudar a cultura da nação mediante campanhas governamentais de incentivo à leitura e de doação de livros. Além disso, para que possam usufruir plenamente da leitura, a realidade dos brasileiros que ainda se encontram em classes mais pobres ou que existem na classe média apenas por trabalhos degradantes deve ser mudada mediante medidas assistencialistas, como o programa Bolsa Família e o seguro desemprego, que garantem segurança financeira a indivíduos.