Ao longo da formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, os direitos sociais dos negros foram negligenciados propositalmente. Nesse sentido, a criação de cotas raciais, ao invés de igualar oportunidades de ingresso ao ensino superior, elevou a desigualdade entre as classes. Esse fato descende, não só da desvalorização histórica, mas também da reafirmação do preconceito gerado pelas ações afirmativas. Segundo dados do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais da metade da população brasileira é composta por afrodescendentes. Isso decorre da introdução de escravos africanos, em 1700, no Brasil colônia. Nesse contexto, milhares de cidadãos sofreram não apenas com a escravização, como também pela mutilação de seus valores e princípios. Dessa forma, é clara que a exclusão racial não é exclusividade da pós-modernidade. Outrossim, o sistema de cotas – criado para minimizar o passado de opressão - só pragmatizou a descriminação aos estudantes negros. Para Durkheim, o ato social é a maneira coletiva de agir e pensar, dotada de totalidade e coercitividade. Com base nisso, os alunos de cor negra podem ser encaixados na teoria do sociólogo, uma vez que boa parte desses, oriundo de escolas públicas, são tidos como incapazes de acessar às universidades, sem o uso de bolsas estudantis. Desse modo, o prejulgamento se origina da ausência de qualidade na base educacional do país. As ações afirmativas, portanto, jamais apagarão o legado de segregação vivenciado por afrodescendentes. Assim, cabe ao Estado qualificar a educação básica, por meio de avaliações mensais do aprendizado em suas instituições, a fim de nivelar o ensino público ao privado. Ademais, ONGs e sociedade devem realizar debates educativos semestralmente para que a raça não seja mais usada como critério avaliativo. Pois como disse o filósofo Kant, o ser humano é produto da educação que recebe.