É notório que as ações públicas de incentivo à educação têm gerado polêmica. Entre os diversos fatores relevantes sobre o assunto, pode-se destacar a fragilidade das ações e, ao mesmo tempo, os bons resultados por elas gerados. A ideia é satisfatória, se acompanhada de planejamento. Sabe-se que, por terem suas origens enraizadas na escravidão, os negros têm, historicamente, menor participação no ensino superior no Brasil. Assim, o sistema de cotas tem atuado de forma eficaz para amenizar esse problema. Por exemplo, segundo números do MEC, só nas últimas duas décadas, a quantidade de negros que concluíram ensino superior aumentou mais de quatro vezes. Por outro lado, tem-se o fato das cotas serem medida superficial. Não ataca o problema na origem. Entre os 10% da população mais pobre, 74,2% são de negros ou pardos. Portanto, o baixo percentual desses nas faculdades se dá, em grande parte, pelo insatisfatório nível de ensino público no país. São escolas sem infraestrutura adequada e que não dão uma base acadêmica para o estudante competir no vestibular com os concorrentes de escolas privadas. Percebe-se, portanto, que implantar o sistema de cotas não pode ser medida isolada. O ideal é o governo criar um prazo de validade para elas e, dentro desse prazo, trabalhar em um plano de ação, com investimentos, objetivos e metas claras, dando aos alunos da rede pública de ensino mais estrutura, qualidade de ensino e suporte necessário para esses não dependerem mais das cotas para cursarem o ensino superior.