O Brasil é o segundo país em população negra no mundo, atrás apenas da Nigéria. No entanto, sendo o último país das Américas a abolir a escravidão, teve dificuldade no processo de inserção dessa parcela da população na sociedade. Nesse sentido, deve-se analisar como as cotas raciais funcionam como equidade de oportunidades e como uma forma de amenizar as discrepâncias sociais entre brancos e negros. Em 2003, a UnB (Universidade de Brasília) foi a primeira universidade federal a aderir cotas para minorias étnicas e, a partir de 2013, todas as universidades passaram a ter 50% das suas vagas reservadas para estudantes pelas cotas. Assim, percebe-se que estas vagas correspondem a forma de deixar equivalente as oportunidades entre brancos e negros, que vivenciam cotidianamente um cenário segregacionista. Ademais, ainda existe no Brasil uma grande diferença no tratamento entre as populações negra e branca, sendo necessário, assim, reconhecer as cotas como uma forma de equiparar essa diferença. Segundo a Síntese de Indicadores sociais (SIS), em 2017, entre trabalhadores pretos ou pardos, 34,7% não tinham instrução ou ensino fundamental completo, enquanto entre os brancos esse percentual foi de 21,2%, evidenciando o reflexo dessa discrepância. À vista disso, percebe-se como as cotas raciais têm fundamental importância no processo de melhora da dívida histórica com a população negra no Brasil. Assim, faz-se necessário, inicialmente, o investimento do Poder Público na educação pública para que a distribuição de informação seja feita de forma equivalente. Não somente, é necessário o incentivo nas escolas, desde cedo, ao respeito ao negro no Brasil e que seja mostrado a importância deste para o processo de formação da cultura brasileira. Dessa forma, um país mais tolerante e justo poderá ser, gradativamente, construído.