É inquestionável que as formas de trabalho são moldadas conforme demandas do local, do tempo e das necessidades do mercado. Nesse ínterim, na época colonial, a escravidão atendia perfeitamente aos interesses aristocratas. No entanto, já no período republicano, a implantação da indústria no Brasil urgiu a vinda de mão de obra operária estrangeira. De maneira análoga, os avanços tecnológicos, atualmente, também acarretam novas configurações do mercado de trabalho, além da manutenção das mazelas trabalhistas. Precipuamente, a flexibilização das relações empregatícias e a elevada automação configuram-se em perigos na conjuntura atual. Isso porque o sistema de produção pós-fordista, caracterizado pela redução drástica de mão de obra humana, possibilita maiores cobranças das empresas para com seus funcionários, em detrimento da atuação dos sindicatos. Dessa forma, a elevada procura pelas escassas vagas de emprego, concomitante ao domínio dos ideais capitalistas, dificulta a obtenção de beneficências trabalhistas. Ademais, essa concorrência ocasiona outras mudanças significativas no mercado de trabalho, posto que, tendo em vista o aumento do desemprego e da especialização empregatícia, há um crescente avanço tanto do mercado informal, quanto do empreendedorismo. Assim, segundo dados do IBGE, a proporção de empreendedores e trabalhadores informais aumentou 3,1 pontos percentuais, o que é um problema, haja vista que esses não possuem direitos garantidos, já que não têm carteira assinada. Portanto, do mesmo modo que na Colônia e na República, na contemporaneidade os direitos trabalhistas são diminutos ou até mesmo escassos. Logo, medidas são necessárias para melhorar a qualidade de vida do trabalhador e para evitar abusos e explorações. Cabe, destarte, ao Legislativo a aprovação de leis trabalhistas que não só exijam das corporações públicas e privadas direitos justos e adequados, de forma que elas sejam punidas caso não obedeçam à legislação, como também obriguem o Executivo a garantir direitos, como assistência em caso de doenças, também aos informais. Com efeito, a conjuntura contemporânea não será tão deprimente quanto a dos antigos escravos e operários brasileiros.