Para Platão, importante filósofo grego, a noção de felicidade é relativa à situação do homem no mundo e aos deveres que aqui lhe cabem. Entretanto, hodiernamente, segundo a população, no geral, o ideal de felicidade está ligado à ideia de estar de acordo com a definição de beleza estabelecida e divulgada por meio de agente midiáticos. Desse modo, urge a necessidade de análise dos malefícios causados pela busca do corpo perfeito em função da aceitação social. Mormente, é relevante ressaltar a origem do atual panorama de beleza e suas causas. Por conseguinte, desde a década de 80 a indústria cultural começou a produzir filmes com artistas de portes ímpares, e assim, tornou o que era exceção uma regra, como a atriz Marilyn Monroe, lançada pela atriz hollywoodiana e símbolo de beleza internacional. Desde então, iniciou-se um processo de construção de ideias estéticos que são gradativamente mais reafirmados por novos artistas em ascensão por meio do visual “perfeito”, e instaurada ideia de que a felicidade plena só é alcançada se o corpo estiver em boa forma perante o olhar externo. É importante salientar, em segunda instância, a consequência do incentivo da mídia à busca indiscriminada pela perfeição. Outrossim, segundo o sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, a sociedade atual é líquida, o que significa que as relações interpessoais são voláteis e voltadas para a preocupação apenas com as qualidades físicas. Não obstante, confirmando a teoria do estudioso, o Brasil é um dos países com maior índice de pessoas à procura por cirurgias plásticas, dessas, uma em cada cinco recorrem às clínicas clandestinas, o que acarreta, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, um aumento considerável no índice de mortes imprudentes, principalmente feminina. Logo, assim como afirmava Platão, a felicidade deve estar relacionada com o papel de cada um no contexto social e não exclusivamente pela sua aparência, ao contrário da imagem gerada pela mídia. Portanto, a Mídia televisiva, com o apoio das ONGs, deve lançar campanhas exclusivas para a contratação de artistas exclusivamente diferentes do padrão social excitado anteriormente, como pretos, obesos ou portadores de necessidades especiais, para que assim, através de novelas e programas, seja retratada a ideia de universalização da beleza. Espera-se, com isso, que a mídia estabeleça uma ideia conjunta de que o padrão do século XXI é não ter padrão.