“Penso, logo existo”. O pensamento do filósofo René Descartes aponta a razão como meio de reafirmar a existência humana. Contudo, o surgimento das redes sociais provocou uma inversão de valores, na qual existir resume-se a ser notado. Nesse sentido, tal ideia, ligada à modernidade líquida Baumiana, impregnou o inconsciente coletivo, gerando distorções no que tange ao perfeccionismo. Durante o Período Helenístico, na Grécia Antiga, o Epicurismo surgiu como método para alcançar a felicidade mediante prazeres moderados. Diferentemente, hoje, a moderação se opõe ao desejo excessivo de mostrar –se bem, em forma e contente. Nesse contexto, as mídias funcionam como teatros compostos por máscaras sociais que permitem ao indivíduo moldar sua imagem diante dos demais. Esse mecanismo, explicado pelo antropólogo Erving Goffman, permite o compartilhamento de momentos alegres e a vivência isolada dos tristes. Assim, a face feliz é exposta, e um ideal de perfeição, publicamente construído. Ademais, tal “espetáculo” conduzido pelas redes, além de falso, causa um adoecimento em massa. Nesse viés, algumas pessoas podem acreditar que ser perfeito é possível e frustrarem-se ao não atingirem tal objetivo. Essa conjuntura é um reflexo de relações humanas superficiais, tratadas nas obras de Zygmunt Bauman. Nelas, o autor menciona o vazio existencial propiciado pela esfera cibernética, em que fazer postagens é sinônimo de estar presente. Destarte, nota-se o impacto psíquico de conviver em um âmbito tão fluido e reduzido a aparências como a internet. Em suma, o mundo pós moderno tornou a humanidade vítima de sua própria evolução tecnológica. Para evitar os danos mentais da questão, é primordial que o Governo Federal, em parceria com o Conselho Federal de Psicologia, crie Centros de Reabilitação Psicológica para internautas que sofram com os efeitos da exposição nas redes sociais. Nesses centros, mantidos pela União, terapias em grupo e individuais devem ensinar aos pacientes como readaptar pensamentos distorcidos relacionados ao seu próprio valor e imagem. Dessa forma, uma mentalidade mais resiliente se formará e essas pessoas substituirão o “posto, logo existo” pela real ideologia de Descartes. 2º parágrafo, ultima linha: a construção com vírgulas está correta?