No episódio "Nosedive" do seriado Black Mirror, exibido pelo serviço de streaming Netflix em que aborda os prós e contras da tecnologia em nossa vida, vemos os conflitos diários da protagonista para se encaixar em um padrão de perfeição que é exigido pela sociedade como o certo. No entanto, comportamentos como esse não existem apenas nos seriados. Atualmente, diversas pessoas baseiam suas vidas em fotos e videos de influenciadores digitais, os quais aparentam estarem sempre felizes e vivendo a vida perfeita. Nessa perspectiva, a busca pela perfeição, resultado das mídias sociais, envolve fatores sociais e econômicos. Vivemos em uma sociedade em que a partir de uma fotografia, a vida de um indivíduo pode ser interpretada sob vários aspectos. De acordo com um levantamento realizado pela ONG inglesa Girlguiding, uma em cada três jovens entre 11 e 21 anos comparam suas vidas com a de outros, através das redes sociais. Tais comparações podem surgir a partir do padrão de vida, estética e mesmo através de relatos pessoais. Uma localização ou até mesmo um sorriso em uma fotografia pode ser interpretado como felicidade incontestável, surgindo assim, o desejo em ser tão feliz quanto o outro aparenta ser. A classe social de ambos usuários em muito influência nesse ciclo de comparação. Internautas com um menor poder aquisitivo se deslumbram com a forma como os indivíduos com um alto padrão de vida compartilham seus momentos nas redes sociais. Cria-se assim um desejo de atingir também a falaciosa "perfeição", que quando não alcançada, devido a diversos fatores, se alimenta ainda mais a comparação. Nesse viés, é necessário que seja criado medidas para que esse descontentamento pessoal gerado pelas mídias sociais seja diminuído e se possível, exterminado. É preciso que, através das próprias redes sociais onde as pessoas mais atingidas por essa influência pela perfeição passam seu tempo livre, seja criado projetos que mostrem que nem tudo o que vemos, é o que realmente aparenta ser, principalmente tratando-se de internet.