A mundialização do desenvolvimento tecnológico trouxe aos mais longínquos lugares do planeta as famigeradas mídias sociais. Na sociedade contemporânea, estas promovem a busca e o estabelecimento de valores os quais visam ao alcance da perfeição por parte das pessoas. Esse fato é motivado tanto pelo tradicionalismo observado na mentalidade social, quanto pela precária consciência crítica dos cidadãos que acessam essas mídias. Em primeira análise, vale pontuar que a forte influência do conservadorismo nos costumes sociais acentua a absorção de normas convencionais. Verifica-se que, para serem aceitos como parte integrante de um grupo de pessoas ou mesmo da sociedade, os indivíduos devem se portar segundo alguns critérios previamente estabelecidos, sob pena de exclusão. Assim, como os usuários das mídias sociais internalizam os valores vigentes através da vivência comum, nelas esse mesmo discurso se figura. É possível observar isso, por exemplo, na comum exigência de que as pessoas sejam felizes, ou ao menos demonstrem felicidade, mesmo que estejam tristes. Nota-se, então, o papel de tais mídias na promoção da busca pela perfeição. Ressalte-se, ainda, que a falta de criticidade cidadã, obtida por meio da educação, impede uma ideia mais relativista acerca da perfeição. Conforme o pedagogo Paulo Freire, quando o ensino não é libertador, os alunos tendem a seguir os mesmos passos que os pais, no sentido de não se contrapor à ideologia vigente e a seguir cegamente. Dessa maneira, a sociedade passa a absorver o conceito de perfeição a partir do senso comum, embutido de dogmas amplamente questionáveis, sem que haja a devida postura crítica. Nessa situação estão os usuários das mídias sociais, frequentemente expostos a perfis tidos como modelos de comportamento ideal e de beleza estética. Percebe-se a falta que a educação faz na pluralidade do pensamento e como ela incentiva a absorção de dogmas como a perfeição. Constata-se, diante do exposto, a necessidade de ações para a resolução dessa problemática. Cabe às instituições de ensino, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), abrir campanhas públicas em território nacional para a desconstrução e a problematização das arbitrariedades que o senso comum estabelece sobre a perfeição. Ademais, é dever do Governo Federal destinar uma maior parte da arrecadação anual de tributos para a área da educação, além de instituir novas metodologias de ensino, junto com o Ministério da Educação (MEC), a fim de promover o ensino crítico nas escolas, em contraste com as posturas mais tradicionais. A partir disso, afastar-se-á a disseminação em massa de uma perfeição distorcida entre as mídias sociais.