No episódio "Queda Livre" da série britânica "Black mirror", é mostrada uma perspectiva na qual o prestígio social está estritamente ligado a uma avaliação feita na rede social. Na vida real, a situação atual é convergente à ficção, ao analisar as atuais publicações que, ao retratarem uma vida perfeita, somada à uma carreira bem sucedida e uma aparência impecável, alcançam a admiração de diversas pessoas. Contudo, a busca incessante pelo padrão do que é visto online pode causar diversas insatisfações pessoais e levar a danos à saúde. Primeiramente, vale ressaltar que o que é exposto nos meios de comunicação nem sempre exprime a verdade. É comum que as publicações sejam reflexo do que se almeja ou do que já foi conquistado, sem mostrar, porém, todo o sofrimento por trás. Nesse contexto, a uma busca incessante pela autopromoção de uma vida superior a de outrem, pode fomentar frustrações ou até mesmo a depressão, como expõe o estudo da pesquisadora Hanna Krasnova. Logo, é evidente que Bauman não foi hiperbólico ao afirmar que "na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte". Outrossim, é importante reconhecer o esforço de diversas páginas digitais em mostrar a verdade por trás de suas postagens, publicando fotos sem edição ou com legendas inspiradoras. Ademais, o movimento de empoderamento, que vem ganhando força nos últimos anos, é de extrema ajuda no enfrentamento à cultura do corpo perfeito, construída pela mídia. Contudo, essas não são suficientes para dar fim à problemática, uma vez que 70 milhões de pessoas sofrem com transtornos alimentares, segundo estimativas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos. Dado o exposto, o corpo irreal dos meios de comunicação resulta numa insatisfação doentia com a própria imagem, retratando mais uma vez seu lado tóxico. Infere-se, portanto, a necessidade de medidas conjuntas para combater o problema. Urge ao Governo Federal, em parceria com o Poder Legislativo, a montagem de leis que vetem qualquer representação enganosa nos meios midiáticos, por meio de fiscais eletrônicos que analisem postagens ou campanhas publicitárias com temáticas tóxicas, afim de reconhecer aquelas que propagam um padrão inexistente. Dessa maneira, juntamente com a continuação do movimento online de retratação do real, tornar-se-á possível o combate à cultura do ideal de perfeição, e emergir-se-á um novo paradigma de pensamento social acerca do assunto.