Título da redação:

Parecer em oposição a Ser

Tema de redação: As mídias sociais como impulsionadoras da busca pela perfeição

Redação enviada em 10/09/2018

A emergência das redes sociais hoje faz reforçar uma sociedade em que a aparência é mais importante que a essência. Com isso, esconde-se a realidade de uma maneira quase perfeita. Impossível é escondê-la de si próprio. Todavia, de acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, vive-se hoje uma modernidade líquida. Os relacionamentos e as situações não são sólidos e as pessoas tem que conviver com a incerteza e o imponderável. Por isto, não dá para ser feliz o tempo todo. Além disso, é muito importante viver o luto. É quase impossível que diante da perda de um ente querido ou do final de um relacionamento, não haja dor e um período de sofrimento. Mas algumas pessoas sufocam estes sentimentos para aparentar felicidade o tempo todo e, assim, não superam a tristeza pois a esconderam em si mesmos. Toda essa pretensa realidade é mais prejudicial aos jovens e crianças, ainda em formação da personalidade. Hoje, por um lado, dentre os aficcionados por redes sociais - os quais podem ser a maioria, mas não a totalidade de internautas - é muito importante ostentar felicidade. Assim, viagens, amigos, almoços, casamentos, nascimentos, enfim, tudo que demonstra bem-estar e felicidade deve ser divulgado. De outro lado, as decepções, os fracassos, os erros, os problemas, as inadequações, os medos, são ocultados. Logicamente, ninguém irá expor seus problemas mais intímos ao público, mas é inegável que, quando se aborda esse lado infeliz da vida e se percebe que não se é o único a facear situações conflitantes, surge um certo conforto. Certa vez, um grupo que trocava informações sobre viagens começou acidentalmente a abordar os problemas que cada um enfrentou por ocasião de um roteiro turístico. Aviões perdidos, hotéis horríveis, motoristas desonestos, companhias inidôneas, roubos, golpes. Nessa ocasião, todos notaram que problemas fazem parte da vida e a perfeição está longe de ser o único parâmetro a norteá-la. A fim de não conviver em constante comparação, o que pode trazer um profundo sentimento de infelicidade para alguns que não conseguem acompanhar o grupo nesta viagem ou naquele relacionamento dos sonhos, a solução é o diálogo e a reflexão – com os pais, com a escola, com um psicólogo. Do ponto de vista psicológico, é preciso aceitar-se a si próprio e a sua vida. Cada pessoa é única e tem gostos e objetivos próprios. Sabe-se que muitos objetivos serão alcançados a longo prazo e o seu alcance dependerá das ações ao longo do tempo. Se por acaso não for possível vivenciar todos os sonhos, necessita-se aceitação. Afinal, ninguém tem tudo o tempo todo e os erros e a maneira como se enfrentam os problemas fazem parte do crescimento e do aprendizado dos indivíduos. Finalmente, a visão do que traz felicidade é diferente para cada um.