De acordo com Zygmunt Bauman, filósofo polonês, vivemos em uma era da “modernidade líquida”, onde a fluidez das relações é aparente. Nesse contexto, o filósofo reflete acerca da superficialidade das interações pós-modernas, o que fica evidente nas redes sociais e seu papel de influenciar pessoas a adotar padrões de comportamento. Desse modo, cabe analisar os fatores que estabelecem esse padrão como modelo de perfeição e a obsessão da sociedade em adotá-los. Deve-se pontuar, inicialmente, que o avanço do capitalismo e o advento da propaganda possibilitou difusão do consumismo pelo mundo. Nesse aspecto, para movimentar a economia, muitas marcas utilizam da sazonalidade (aspecto temporário) dos produtos para definir os padrões estabelecidos. Ademais, com a popularização da internet, o time de “influenciadores digitais”, pessoas que são pagas para divulgar produtos, ganham força no mercado publicitário ao induzir pessoas a replicar determinados comportamentos ou ideais. Entretanto, essa influência se mostra prejudicial porque a maioria das pessoas não consegue obter êxito ao tentar replicar esse padrão, o que gera frustração nos indivíduos. Vale ressaltar, também, que a busca pela perfeição propagada por esses meios pode causar danos psicológicos às pessoas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, cerca de 80% dos jovens que apresentam doenças como, depressão, anorexia e síndrome do pânico, culpam a pressão da sociedade, impulsionada pelas mídias sociais, como fator principal para o agravamento dessas doenças. Dessa forma, fica evidente o papel prejudicial do estabelecimento de padrões de beleza e comportamento nas mídias sociais. Assim, é incabível que, em uma sociedade civilizada e com acesso facilitado à informação, ainda seja reforçado esse tipo de padrão. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a plena harmonia no convívio social e a desconstrução do modelo de perfeição. Para garantir essa solução, o Ministério da Cultura, por meio de campanhas nas mídias sociais, deve exaltar pessoas fora do padrão e destacar a pluralidade nacional, visando causar reflexão nas pessoas sobre a própria individualidade. De forma complementar, ONGs, como o CVV (Centro de Valorização a Vida), devem propor palestras informativas e de auxilio sobre como lidar com a pressão social vivida nos dias atuais. A partir dessas ações, espera-se que a “modernidade líquida”, definida por Bauman, seja um aspecto de transição para um futuro melhor.