Nas polis gregas acreditavam-se que a felicidade poderia ser alcançada nas simplicidades cotidianas e no desenvolvimento intelectual. Hodiernamente, a mídia tem distorcido e banalizado o conceito de felicidade, acarretando na busca incansável pela perfeição. Nessa perspectiva, é notório que na sociedade contemporânea tanto as mídias televisivas quanto as redes sociais exercem influência sobre os comportamentos sociais, dessa forma, distorcendo-os para gerar consumismo ou a competição entre indivíduos, que acreditam piamente estar buscando a perfeição. Em primeiro plano, é importante ressaltar que as redes sociais tem por objetivo facilitar a comunicação e a interação social. Consoante o famoso filósofo polonês Zygmunt Bauman - em sua obra intitulada modernidade líquida - a sociedade pós guerra mundial adquiriu um comportamento fluído, ou seja, as informações, costumes e de modo geral as culturas são disseminadas através das redes. Nesse sentido, essa fluidez proposta por Bauman é utilizada erroneamente no contexto social vigente, visto que indivíduos de todas as partes do planeta - influenciados pela cultura esmagadora da busca pela "perfeição" - não medem esforços para usar as redes sociais para propagar a ilusão de felicidade. Outrossim, é indubitável que mídia exerce influência sobre as opções de consumo. Segundo o sociólogo alemão Émile Durkheim, a sociedade é dotada de generalidade, exterioridade e coercitividade. Seguindo esse pensamento, depreende-se que o padrão de consumo na sociedade é dirigido pelas mídias, uma vez que através delas são disseminadas ideias de que a felicidade vem com o consumo excessivo. Destarte, é importante o conceito de felicidade e perfeição seja repensado pela sociedade. Logo, para que a questão da mídia como impulsionadora da busca pela perfeição não seja um problema, é necessário que todas as esferas sociais se mobilizem para discutir os benefícios e os malefícios da mesma. Portanto, cabe as instituições políticas tanto internacionais quanto as nacionais promover a fiscalização midiática, através de departamentos de monitoração em tempo real, a fim de desconstruir os conceitos e exterioridades impulsionados pela mídia, dessa forma, retomando a liberdade individual. Ademais, urge a necessidade de que o Ministério da Educação através de debates promova estudos mais aprofundados sobre filosofia e a busca pela felicidade, com o intuito de que o conceito simplista dos gregos seja reintegrado à sociedade.