Título da redação:

Não há outro remédio

Proposta: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 11/09/2017

Antes da chegada do conhecimento científico no Brasil, os índios já praticavam artes medicinais em suas tribos, porém, se baseavam no senso comum e não em experimentos que comprovavam a eficácia das técnicas. Nesse sentido, o senso comum certamente contribuiu e contribui para evolução do saber científico, é por meio dele que pesquisadores iniciam suas buscas, e, culturalmente, deve ser valorizado pois mostra a identidade de um povo. Todavia, no panorama atual brasileiro, o senso comum tem afetado negativamente a vida dos cidadãos quando se automedicam por intermédio de sintomas conhecidos ou indicações de familiares e amigos, e isso deve ser mudado. De início, segundo dados do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), levantados no ano de 2014, 76,4% dos brasileiros tomam fármacos por conta própria, sem a consulta prévia de profissionais. E, ainda de acordo com o ICTQ, 72% confiam na indicação de medicamentos feita pela família e 42,4% confiam na de amigos. Entretanto, isso se torna um problema quando, um estudo publicado pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINTOX), em 2003, mostra que a prática foi responsável por 28% das notificações de intoxicação. Além disso, o uso indiscriminado de remédios pode levar a dependência, o agravamento da doença ou a morte, por isso a questão é um problema de saúde pública para ser contornado. Ademais, pode-se tentar explicar a questão por dois fatores, a propaganda exagerada e difusa em vários locais e, também, a facilidade de acesso de fármacos. É comum, em comerciais televisivos abertos, publicidade de medicamentos sem a necessidade de prescrição médica, porém, ao final de todo comercial desse porte há uma tela azul com a mensagem “se persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado” narrada em 1 segundo, isso incentiva a automedicação e o lucro do vendedor. Outro fator explicativo é o fácil acesso aos fármacos sem receita, qualquer cidadão pode adquirí-los em qualquer farmácia tomá-los como quiser. Portanto, fica claro que o senso comum ajuda na evolução humana, mas deve ser sabiamente utilizado. Primeiramente, o Estado junto a televisão devem retirar a propaganda de remédios do ar, reduzindo os índices de automedicamento e estimulando que os cidadãos consultem um profissional. Também, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve proibir e fiscalizar a venda de fármacos sem prescrição médica ou odontológica, em contrapartida, o Estado deve fornecer saúde pública de qualidade para população receber as receitas. Por fim, a escola e a família devem ensinar às crianças e adolescentes a fazerem uso da bula e a consultarem antes de receber qualquer remédio. Assim, o saber comum brasileiro atingirá seu auge.