Título da redação:

doutor google e doutora mamãe, posso usar este aqui?

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 05/04/2016

É perceptível, na sociedade brasileira, durante o século XXI, que a cultura da automedicação é tida como normalidade, sendo extremamente frequente na população leiga, que insiste em acreditar em informações baseadas nos anúncios da indústria farmacêutica na mídia, em recomendações familiares e até mesmo em consultas com o "doutor google". Tal situação é oriunda da ingenuidade, ou não, de muitos para tratar uma simples dor, por acreditarem em já saber qual medicamento adequado para os sintomas já conhecidos, que sem orientação médica, podem agravar os sintomas e gerar quadros ainda mais graves. Além disso, soma-se a dificuldade da classe menos privilegiada em obterem atendimento em postos públicos e da facilidade da compra de medicamentos sem prontuário médico. A automedicação, pode ser uma eficiente solução imediata, porém grave á longo prazo. Essa prática é frequente no cotidiano dos brasileiros que não tem tempo para parar e investigar qual o motivo de tantas dores, que são resolvidas com antitérmicos, antialérgicos e até antibióticos, que são comprados na maioria das vezes sem prescrição médica. Com isso, remédios que deveriam servir para amenizar ou curar, paradoxalmente podem agravar e aumentar o nível de intoxicações e resistências bacterianas. Mas, isso alimenta a economia da indústria farmacêutica, que anuncia na mídia tratamentos para diversas dores e quase nunca adverte suas contra-indicações, levando muitas pessoas á quadros graves, que quando finalmente são descobertos por médicos, podem ser irreversíveis. A acessibilidade ao médico não é igualitária na população brasileira. Por isso, muitos usuários do sistema único de saúde não conseguem atendimento e esperam meses em filas por quadros graves, e ainda mais se apresentarem um quadro de enfermidade mais simples. Com isso, muitos vão as farmácias e pedem indicação de um farmacêutico ou de um familiar, tornando o tratamento perigoso. Mas, isso não se restringe as minorias. Muitas pessoas da classe média ou alta, mesmo com planos de saúde, evitam hospitais em situações menos complicadas, por acreditarem já saberem qual medicamento adequado, podendo agravar outras funções no organismo. Tal prática só acaba quando o indivíduo se encontra intoxicado precisando de medidas mais severas para tratar seu novo quadro clínico. Em uma sociedade na qual a automedicação está enraizada, é difícil mudar certos hábitos. Mas, para isso é imprescindível a ação governamental com campanhas educativas na mídia, a regulamentação da indústria farmacêutica com a inserção de contra-indicações nos comerciais, aplicação de palestras e aulas sobre os riscos dessa prática, além da conscientização pessoal, o aprimoramento da qualidade do SUS, e a cobrança obrigatória de receitas médicas para a venda de medicamentos que portam grandes riscos de agravar algumas doenças, como os antibióticos.