Título da redação:

Automedicação: tomou, passou?

Proposta: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 14/08/2017

Em sua obra “Utopia”, o escritor inglês Thomas Morus, propõe uma sociedade alternativa e perfeita, livre de mazelas sociais. No entanto, essa perspectiva no Brasil hodierno está distante de se tornar real, devido a imbróglios como a cultura da automedicação, seja pelas intensas propagandas da indústria farmacêutica, seja pela facilidade do acesso aos medicamentos. Em primeiro plano, a teoria do Imperativo Categórico, postulada pelo filósofo prussiano Immanuel Kant, preconiza que os indivíduos deveriam ser tratados como pessoas que têm dignidade, mas não como coisas com certo valor. Partindo desse pressuposto, nota-se que as indústrias farmacêuticas, certamente, tem ido de encontro ao postulado filosófico, uma vez que as mesmas incentivam o uso indiscriminado de remédios em suas publicidades. Tal concepção é validada ao se destacar a frase enunciada no final de cada propagandas que sugere ao consumidor primeiro o uso do medicamento depois a consulta ao médico, quando na verdade a atitude correta seria primeiro a consulta com o especialista. Devido a isso, é notória a necessidade de ir contra as propagandas que banalizam o uso de fármacos no país vigente. Outrossim, como René Descartes defendia que “Não existem métodos fáceis para solucionar problemas difíceis’’. Conforme tal preceito, então, configura-se o atual panorama brasileiro no qual redes de supermercado possibilitam o acesso a remédios em suas prateleiras, contribuindo para que os medicamentos ocupem o primeiro lugar dentre as causas de intoxicação no país. Desse modo, é necessário medidas mais rigorosas no que tange a facilidade do consumo de fármacos, tendo em vista que a automedicação dificulta o diagnóstico médico, o que pode levar a um agravamento do quadro clínico e induz escolhas inadequadas de tratamento. Por tudo isso, a fim de atenuar a cultura da automedicação no país, o Poder Legislativo, em conjunto com o Ministério da Justiça, deve planejar e executar ações que visem impor medidas mais rigorosas as redes de mercado e as propagandas que banalizam o uso de medicamentos. Isso pode se dar por intermédio da censura e pagamento de multas às empresas que incentivem o consumo indiscriminado de fármacos. Além disso, é mister que a Organização Mundial da Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, promova a conscientização da população sobre os riscos da medicação por conta própria por meio de palestras públicas com profissionais especializados além da distribuição de prospectos educativos. Sob tal perspectiva, o caminho já é conhecido, basta que o primeiro passo seja dado para que, como Gandhi defendia, tornemo-nos a mudança que queremos ver em nossa sociedade.