Título da redação:

A irracionalidade medicamentosa

Proposta: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 11/04/2016

A historicidade brasileira é, fatidicamente, marcada pela saúde meramente curativa. O velho hábito da automedicação permeia o fator cultural e persiste mesmo com a implantação do SUS, década de 80, e a inserção da saúde preventiva.Tal dilema é agravado pela faixa de pobreza de grande parcela da população e pela crise do setor de saúde, clamando por urgência. Neste universo, estima-se pela ABIFARMA que 80 milhões de indivíduos utilizem medicamentos sem prescrição médica. A carência de recursos financeiros é um fator de grande relevância para explicar a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, mas este não é um fator isolado, os níveis de escolaridade e informação estão aliados à cultura brasileira. Décadas de negligência no atendimento básico fizeram com que esses hábitos fossem criando raízes cada vez mais profundas. Sob esta ótica, o MS registrou nos últimos 5 anos cerca de 60 mil internações realizadas por uso irracional de medicamentos, o que influi no maior numero de hospitalizações, custos aos serviços de saúde, lotação e diretamente em índices elevados de mortalidade. Diante disso, os riscos de intoxicações são evidentes e ao lado das iatrogenias desencadeadas, do mascaramento de doenças evolutivas e da resistência bacteriana às drogas, transformam este em uma agrura de saúde publica. Evidencia-se, portanto, que a educação e o acesso à informação são o caminho para a promoção da saúde preventiva em detrimento da curativa; as campanhas midiáticas devem ser intensificadas e as normas regulamentadoras das propagandas medicamentosas devem ser reestruturadas, proibindo a presença de personalidades e inserindo dados de alerta ao consumidor; ocorrendo de forma simultânea e articulada com a reformulação da atenção primária, para que esta se torne acessível e eficiente à sociedade.