A descoberta da penicilina, em 1928, pelo médico Alexander Fleming, revolucionou a história da medicina e das pessoas que tinham a possibilidade de morrer por infecções bacterianas e que hoje são consideradas banais, por exemplo pequenos cortes na pele. No entanto, o uso incorreto dos medicamentos trazem mais malefícios do que a atenuação imediata dos sintomas. Isso ocorre porque leigos no assunto de fisiologia humana acreditam que determinado remédio pode ser usado por qualquer indivíduo, porém cada organismo metaboliza as substancias de forma diferente. Nesse contexto, é perceptível que a ineficiência do sistema de saúde público no Brasil e a aceitação de conselhos de pessoas que tomaram determinado medicamento e tiveram resultados positivos influenciam no ato da automedicação. A falta de infraestrutura dos hospitais e postos públicos, como a falta de médicos para tamanha quantidade de pacientes, proporciona a estagnação dos atendimentos, que demoram horas. Assim, a população acredita que é mais prático e eficaz se deslocar à farmácia, relatar os sintomas e comprar o remédio proposto pelo balconista ou farmacêutico. Ainda convém lembrar as consequências ao organismo por causa da automedicação. Os remédios são compostos por várias substâncias, que, geralmente, o consumidor não tem conhecimento de como funcionam suas rotas metabólicas. Contudo, um médico capacitado o possui, e é por esse motivo que é importante a prescrição sob orientação desse profissional, já que o uso de medicamentos em quantidades e horários errados podem propiciar a intensificação dos sintomas, como também gerar reações alérgicas. Outro fator existente é o mecanismo da seleção natural pelas bactérias sob o uso inadequado de antibióticos. Quando uma cultura bacteriana sobre a ação de antimicrobianos, como a penicilina, há a morte de algumas bactérias. No entanto, se o remédio não for ingerido no horário e quantidade corretos, essas bactérias que sobreviveram, vão se reproduzir e transmitir esse gene que garante a resistência às próximas gerações e, desse modo deverá ingerir antibióticos mais potentes. Esse sistema tem a possibilidade de gerar bactérias super-resistentes, como a KPC, encontrada em hospitais e que é difícil de ser combatida. Sendo assim, é essencial que o Ministério da Saúde promova companhas e propagandas, através dos meios de comunicação, com o objetivo de conscientizar e alertar a população sobre os riscos da automedicação. Ademais, as farmácias devem vender qualquer medicamento somente com a apresentação do receituário médico, assim como ocorre nos Estados Unidos Da América. Por último, o governo deve fiscalizar a ação das farmácias quanto a venda de remédios sobre prescrição, para impedir o ato da medicação por conta própria.