Título da redação:

A automedicação e a saúde do brasileiro

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 31/08/2018

A Constituição Federal de 1988, norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro, assegura a todos a saúde e bem estar. Entretanto, o aumento de casos de consumo de remédios sem a orientação médica demonstra que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, não é razoável que a automedicação seja colocada em prioridade no tratamento de doenças por algumas pessoas. Deve-se constatar, inicialmente, que a automedicação evidencia a ineficiência do sistema público de saúde no país. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma, em “Modernidade Líquida”, que algumas instituições, dentre elas o Estado, perderam sua função social, mas conservaram sua forma a qualquer custo e configuram-se como “instituições zumbis”. Essa metáfora foi proposta por Bauman e serve para mostrar que algumas instituições públicas, a exemplo do SUS, são incapazes de desempenhar seu papel social e acabam por delegar à população a solução de problemas. Assim, a fragilidade do Sistema Único de Saúde é uma das causas para a cultura de automedicação, que se mostra grave problema na contemporaneidade. De outra parte, a administração irrestrita de medicação pode favorecer o surgimento das chamadas superbactérias. Nesse contexto, a presença de antibióticos em dose inadequada e sem orientação médica permite a replicação dos genes na estrutura das bactérias e, de acordo com os neodarwinistas, são capazes de selecionar a bactéria mais resistente e dificultar o tratamento das doenças. Tal processo ocorreu com a bactéria KPC, que passou pela seleção natural e hoje se mostra um dos mais graves patógenos presentes no ambiente hospitalar. No entanto, enquanto a automedicação se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um problema grave para a saúde dos indivíduos: as superbactérias. Urge, portanto, que o direito à saúde e ao bem estar seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, a Agência Nacional de Saúde Suplementar deve, por meio das mídias televisivas e das mídias sociais, veicular conteúdos capazes de valorizar a data comemorativa do uso racional de medicamentos, cinco de maio, e mostrar suas consequências nocivas da automedicação, como a seleção natural de bactérias resistentes, visando motivar a sociedade civil a repudiar a administração autônoma de remédios. Essa iniciativa da ANS é importante porque problematizaria a ineficiência do SUS e colaboraria para que houvesse, no Brasil, o incentivo à medicação saudável.