O poema "No meio do caminho", do escritor modernista Carlos Drummond de Andrade revela, de forma metafórica, a existência de obstáculos no percurso da vida humana. De maneira análoga, as diversas formas de exclusão e seus impactos sobre a saúde do brasileiro tornaram-se pedras no meio do caminho da sociedade moderna, haja vista que impedem a efetivação do pleno bem-estar social. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o isolamento social e o preconceito. Em primeiro plano, é indubitável que o isolamento social esteja entre as causas da exclusão de alguns grupos no sistema de saúde brasileiro. Na perspectiva da filosofia contratualista, o Estado foi criado para assegurar o direito dos homens e proporcionar relações harmônicas. Entretanto, essa é uma realidade reversa no Brasil, uma vez que estrangeiros e LGBTs (Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) não sentem-se confortáveis de irem à consultas, pois são tratados de forma diferente pelos profissionais. Além disso, são discriminados também pela população. Dessa forma, ficam expostos à problemas de saúde gravíssimos, como distúrbios mentais e HIV/Aids. Nessa lógica, segundo dados da Pepsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), experiências negativas tais como condutas inadequadas e constrangimentos geram insegurança nesses indivíduos e faz com que evitem atendimentos em saúde. Em segundo lugar, destaca-se o preconceito como impulsionador da exclusão das minorias no sistema de saúde do Brasil. Isso porque, lamentavelmente, os indivíduos marginalizados enfrentam grandes impedimentos na saúde, tendo em vista que o contingente populacional os vê de outra forma, alguns já saem de perto, de modo a demonstrar reprovação acompanhada de agressividade ou discriminação. Prova cabal disso é uma entrevista feita pela Teoria das Representações Sociais (TRS), em que um travesti revela que tem vergonha de utilizar o sistema de saúde pelos olhares de intolerância. Mediante as dificuldades enfrentadas com o isolamento social e o preconceito. Medidas são necessárias para a erradicação dessa adversidade. Portanto, é imprescindível que o Ministério da Saúde promova programas de inclusão para as pessoas marginalizadas em todos os ambientes de saúde, com a participação de mestres e doutores da área, a fim de treinar os profissionais de saúde para obter um atendimento acolhedor, sem preconceito e, assim, mudar os dados feitos pela Pepsic.