Em 2016, a renomada neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzen, reconhecida por seu artigo publicado na revista Science sobre a origem das dobras do córtex cerebral, decidiu deixar o cargo de professora na UFRJ (universidade federal do Rio de Janeiro) para trabalhar em uma universidade norte-americana. Segundo a pesquisadora, ela será capaz de fazer muito mais pela ciência brasileira nos Estados Unidos do que em seu país de origem, realçando as dificuldades em realizar os estudos no Brasil devido à burocracia e a falta de apoio e investimentos para o desenvolvimento científico e tecnológico no país. Um dos obstáculos para o progresso científico no país é a burocracia na realização de compras dos materiais necessários para a pesquisa, uma vez que as licitações demoram muito para serem concluídas e obrigam os pesquisadores a obterem o produto mais barato entre os analisados e, consequentemente, o de menor qualidade. Outro fator é a queda dos investimentos em momentos de crise, visto que setores como a saúde são considerados prioritários em situações de ausência de verba. Além disso, a falta de reconhecimento desestimula o trabalho dos cientistas, pois, como o salário nas universidades públicas brasileiras é fixo, eles continuarão recebendo da mesma maneira mesmo se não cumprirem a sua função de desenvolver novos projetos de pesquisas nas universidades. Somado a isso, a falta de apoio da população prejudica a evolução da tecnologia, pois considera que uma quantidade exorbitante de dinheiro foi investida em vão já que não são observadas consequências que afetem diretamente a sociedade. Entretanto, é importante salientar que as pesquisas básicas são fundamentais para novas descobertas, que, na maioria das vezes, são realizadas ao acaso em pesquisas com propósitos distintos, como a descoberta da penicilina por Fleming enquanto estudava bactérias responsáveis pela formação de pus em feridas causadas por armas de fogo. Dessa forma, fica evidente que a burocracia nas pesquisas e a carência de apoio e investimentos dificultam o progresso científico e tecnológico do país. Por isso, é dever do Estado investir em pesquisas, além de permitir a flexibilização na compra de produtos e a iniciativa privada nas universidades a fim de evitar falta de capital em momentos de crise. A conscientização da população da necessidade de investimentos de pesquisas básicas por meio de propagandas disponibilizadas pela mídia evidenciando a importância desses estudos também é essencial para finalmente evitar que, grandes nomes da ciência brasileira como Suzana Herculano-Houzen, sejam obrigados a sair do país para continuar com seus trabalhos.