No romance "Cinco Minutos", José de Alencar descreveu a cena de encontro dos protagonistas em um bonde seguro. No texto, o escritor evidenciou a estrutura eficiente dos transportes públicos brasileiros no século XIX. Nesse sentido, é necessário estudar as mudanças históricas e sociais que precarizaram esse sistema. Antes de tudo, é preciso analisar o trânsito nas cidades brasileiras. Isso ocorre devido ao inchaço rodoviário atual . Esse fator é resultado de políticas de incentivo à indústria automobilística iniciadas no governo de Juscelino Kubitschek e mantidas nas décadas seguintes. Dessa maneira, o tempo gasto no deslocamento torna-se uma relevante deficiência desse sistema, o que deve ser mudado a partir da diversificação da matriz de transportes. Além da super utilização do modal rodoviário, o transporte público não é seguro. Esse fato se dá pelo aumento da violência urbana no Brasil. Isso corrobora para o estado de "Medo Líquido", termo utilizado pelo sociólogo Zygmunt Bauman para descrever o sentimento de insegurança dos indivíduos modernos que ficam em alerta, a todo tempo, em ambientes públicos. Assim, os cidadãos, que possuem condições financeiras suficientes, adquirem veículos particulares para se sentirem menos vulneráveis aos crimes recorrentes nos ônibus brasileiros. Por isso, é evidente a existência de mazelas no transporte público nacional. Portanto, são necessárias medidas capazes de reverter esse quadro. Para tanto, as prefeituras devem fazer parcerias com o setor privado na construção ferrovias e hidrovias a fim reduzir o inchaço rodoviário. Paralelamente, as empresas de transporte devem tornar os veículos mais seguros, instalando câmeras e contratando guardas para melhorar a vigilância. Afinal, o transporte público deve ser uma estrutura satisfatória novamente, assim como nos romances do século XIX.