Título da redação:

Parado no tempo

Tema de redação: As deficiências do transporte público brasileiro

Redação enviada em 01/07/2017

A necessidade de integração territorial, impulsionada pelo processo de industrialização brasileira na metade do século XX, demandou a articulação de uma rede de transportes. A desordenada construção de rodovias e estradas, no entanto, tornou-se, em inúmeros casos, sinônimo de falta de planejamento e, por conseguinte, de qualidade. Hodiernamente, os efeitos negativos fazem-se presentes na sociedade, especialmente no transporte público. O assegurado direito de ir e vir é, invariavelmente, subtraído da população. A combinação entre pífia estrutura de mobilidade urbana, horários de pico e insuficiente quantidade de transportes coletivos (metrôs, ônibus e trens) provoca uma superlotação desumana, caracterizada por apertos, falta de lugares e, não obstante, abusos de conotação sexual. Além do que, os constantes investimentos estatais nas indústrias automobilísticas influenciam a aquisição de carros particulares, contribuindo para congestionamentos quilométricos. Nesse contexto, de acordo com levantamento da empresa TomTom, os motoristas do Rio de Janeiro gastam, por ano, 165 horas da vida em engarrafamentos, o que equivale a ficar mais de seis dias inteiros no trânsito. Outrossim, a municipalização dos serviços agrava a problemática. O Estado, visando abdicar da complicada atividade, transferiu a responsabilidades pelas operações de tráfego para os munícipios, por meio da Constituição Federal de 1988. Por sua vez, esses contratam empresas privadas que, tão somente focando no lucro, sucateiam os meios de transporte e convertem as exorbitantes tarifas em capital particular, ao invés de investi-las numa oferta de qualidade. Dessarte, depreende-se a necessidade de mitigação dos diversos desafios que o transporte público enfrenta no Brasil. Cabe ao Poder Legislativo dos municípios articular projetos de lei que procurem diminuir os congestionamentos (a exemplo dos "rodízios" em São Paulo) e intensificar a fiscalização da prestação dos serviços terceirizados, evitando falta de zelo. Ademais, por meio de concomitância entre e a sociedade e os Ministérios dos Transportes e das Comunicações, deve-se promover ouvidoria pública a fim de registrar os problemas dos usuários, buscando solucionar suas principais reclamações.