Título da redação:

Como um organismo

Tema de redação: As deficiências do transporte público brasileiro

Redação enviada em 18/06/2017

O transporte público, um dos símbolos da boa administração das cidades, é no Brasil uma falha completa, caracterizada por superlotação, atrasos e altos preços de passagem. Normalmente, esses problemas são relatados do ponto de vista do indivíduo, não da sociedade. O impacto na sociedade como um todo, porém, não é negligenciável, uma vez que traz inúmeros problemas econômicos e sociais. O excesso de veículos nas ruas, somado à falta de disciplina no cumprimento de horários por parte de motoristas, tornam a palavra ‘atraso’ um sinônimo de transporte público no Brasil. Segundo pesquisa da empresa TomTomGO publicada em 2014, a cidade de São Paulo perde 80 bilhões de reais anualmente devido ao trânsito, grande parte relacionada ao transporte público. É claro que a falta de qualidade e o excesso de veículos nas ruas se alimentam em um círculo vicioso. Quanto mais carros nas ruas, mais tempo os ônibus demoram para realizar seu trajeto, o que por sua vez aumenta a insatisfação do usuário, que passa a almejar a posse de um automóvel para escapar da necessidade de transporte público, realimentando o ciclo. A superlotação é, no entanto, bem mais problemática que os atrasos. Seja em ônibus ou metrôs, a falta de espaço coloca o stress como constante na vida do passageiro, que enfrenta dificuldades na entrada e saída dos veículos e é comprimido entre as outras centenas de pessoas disputando seu espaço. O stress é o maior inimigo da produtividade, de forma que o cansaço provocado por ele traz prejuízos econômicos. Além disso, a superlotação facilita a ocorrência de crimes, o que contribui para aumentar os índices de violência na cidade. A maior parcelo dos roubos de celulares, por exemplo, ocorre dentro do transporte público, segundo levantamento de corretora de seguros. Com vista dos argumentos acima citados, é fácil inferir que a má qualidade do serviço de transporte coletivo no país vitima tanto o usuário por si só quanto a sociedade como um todo. Soluções como a criação de faixas de uso exclusivo de ônibus, apresentada pela prefeitura de São Paulo, são úteis, mas não suficientes. É necessário que uma maior parcela das rendas obtidas pelos governos municipais por meio de impostos seja destinada ao transporte coletivo, visando atender à demanda da população, por meio da contratação de mais veículos e replanejamento e expansão das linhas de metrô e ônibus.