A industrialização brasileira, iniciada no século XX, teve como uma de suas principais características um expansionismo desenfreado e não planejado das cidades sedes dos parques industriais. Graças a esse turbulento crescimento, ocorreu também um rápido sucateamento dos transportes públicos cujos desdobramentos vêm se mostrando mais complexos do que imaginávamos. Apesar de receberem parte do saldo de nove bilhões de reais do CIDE, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, os transportes públicos coletivos continuam a enfrentar graves problemas, inclusive, o mais comum deles é a superlotação. Além de ameaçar a integridade física dos passageiros em casos de acidentes, ônibus lotados abrem espaço para delitos como roubo e abuso sexual. É importante destacar que um estudo divulgado pela ActionAid em 2016 mostrou que 86% das mulheres brasileiras sofrem ou já sofrerem assédio em transportes coletivos sendo 36% dos casos cometidos pelos próprios frentistas. Por conta da insegurança gerada por este quadro, vemos aumentar a frota de carros e motocicletas de uso pessoal, assim, foi contabilizado em 2014, que, no Brasil, há cerca de um carro para cada quatro habitantes. De certo, a aquisição de um veículo pessoal pode diminuir o tempo de viagem do motorista e evitar o estresse do transporte público. Porém, a compra desenfreada de tais bens deu início aos engarrafamentos que expõem condutores e passageiros à poluição sonora e do ar que aumenta a secreção de adrenalina e esta contribuí para a violência no trânsito, além de acrescer a eliminação de monóxido de carbono que em contato com as hemoglobinas do sangue inutiliza-as, acarretando quadros de anemia, desmaios e até mortes. Fica clara, dessa forma, a necessidade de ações no que tange a esta situação. O Ministério dos Transportes deve convocar inspeções às frotas de coletivos públicos e privados, com fito de avaliar suas condições, aplicando multas às empresas privadas responsáveis pelos transportes em más condições, sanando os defeitos dos coletivos públicos e aumentando a frota, insuficiente para o atendimento digno de toda a população. Além disso, deve haver um incentivo fiscal, através de um corte de impostos, por parte do Ministério da Fazenda aos aplicativos como o “BeepMe”, que promovem caronas solidarias diminuindo o número de carros nas ruas e, por conseguinte, os engarrafamentos.