O sistema de transporte público brasileiro mostra-se ineficaz em atender as demandas da população. O sucateamento dos veículos públicos, somado aos problemas de superlotação e lentidão, em virtude dos congestionamentos, afasta os cidadãos dos transportes coletivos e gera preferência pela aquisição de automóveis particulares. Nesse contexto, destacam-se a histórica priorização do transporte individual pelo próprio Estado, a qual se estende aos tempos atuais, e a baixa diversificação de modais de mobilidade urbana. A preferência governamental em investir em transportes individuais se tornou mais enfática em meados do século XX com o então presidente Juscelino Kubitschek que promoveu a abertura de um grande número de rodovias pelo território nacional e a atração de empresas estrangeiras ligadas ao setor automobilístico. Essa situação permanece na sociedade atual, visto que, segundo dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), cerca de 77% dos gastos estatais com mobilidade são destinados ao transporte individual, tornando perceptível a posição secundária dos meios coletivos de mobilidade na pauta de investimentos governamentais. Ademais, a baixa diversificação de modais de transportes fortalece a preferência por veículos individuais e sobrecarrega os principais automóveis coletivos da sociedade atual, ou seja, os ônibus. Apesar da importância das ferrovias durante os séculos XIX e XX, essas eram destinadas, principalmente, ao escoamento da produção cafeeira e muitas entraram em desuso com o passar do tempo. Além disso, os incipientes investimentos no sistema metroviário e na criação de ciclovias são tímidos e não são acompanhados de campanhas de incentivo que levem os cidadãos à optarem por meios de transporte coletivo em detrimento de automóveis particulares. Vista a problemática que envolve o transporte público brasileiro, tornam-se necessárias algumas medidas do poder público. Cabe ao Ministério dos Transportes a diversificação dos modais a partir do investimento nos sistemas metroviário, ferroviário e de ciclovias, nesse último caso também com a criação de um programa de disponibilização de bicicletas públicas para os cidadãos. Ademais, é dever desse mesmo órgão em conjunto com o Ministério da Educação, promover campanhas de conscientização social que demonstrem as vantagens do uso de transportes coletivos e auxiliem a população a evitar o uso de veículos particulares.