Título da redação:

A problemática da elitização da mobilidade urbana no Brasil

Tema de redação: As deficiências do transporte público brasileiro

Redação enviada em 18/06/2017

Após a Constituição de 1988 permitir a terceirização do serviço de transporte público nas cidades brasileiras, é possível observar diversos impactos dessas decisão nos perímetros urbanos. Diante do crescimento exponencial de pessoas necessitadas desse serviço público para locomoção, a mobilidade urbana torna-se prejudicada e saturada cada dia mais, ao passo que há a geração de outras problemáticas, como de caráter ambiental e social na vida dos brasileiros. A partir dessa perspectiva, é necessário compreender que o problema o qual envolve a mobilidade urbana no Brasil possui raízes históricas, já que o embate entre veículos particulares e públicos deu-se durante o governo getulista. Nesse viés, a vinda de transnacionais automobilísticas para o país, aliada a facilidade de crédito, acarretou o consumo massivo de carros particulares pelos brasileiros, o que intensificou-se com a difusão da ideia de que utilizar transporte público não é algo bem visto socialmente. Desse modo, emerge-se um cenário caótico no trânsito brasileiro, já que os congestionamentos em horários de pico, bem como a poluição ambiental e sonora resultam em problemas os quais afetam tanto a natureza como a qualidade de vida das pessoas. Além dos agravantes já apresentados, o valor das tarifas cobradas pelo transporte público gera polêmica entre os usuários e empresas desse segmento. Por conseguinte, é inegável o paradoxo situado entre o preço alto e as péssimas condições evidenciadas dentro de ônibus e metrôs nas grandes metrópoles, as quais englobam desde a lotação excedida de passageiros como casos de assédio sexual dentro desses ambientes. Nesse sentido, é possível compreender o porquê de muitos optarem por carros individuais, já que o tempo de viagem é menor, ao passo que o conforto e segurança são garantidos. Ainda que alguns programas federais visem destinar recursos à mobilidade urbana no país – como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) -, é evidente a persistência das deficiências nesse serviço público nacional, sejam relacionadas ao valor das tarifas ou a precariedade física das acomodações. Diante desse panorama, é irrefutável que a ausência de medidas administrativas, estratégias governamentais e ignorância social geram o agravamento da problemática acerca do transporte público precário, ineficiente e saturado no país. Portanto, é papel o governo garantir a destinação de mais recursos finaceiros e profissionais competentes – como engenheiros de trânsito, por exemplo - para desenvolver e investir nesse setor público no Brasil. Ademais, a sociedade deve promover a preferência pelo transporte coletivo nas cidades, a fim de reduzir congestionamentos, problemas ambientais como poluição e, sobretudo, combater a ideia de elitização da mobilidade urbana, de maneira a minimizar a força ideológica de poder em torno do uso de veículos particulares.