Título da redação:

O verdadeiro poder da infância.

Proposta: As consequências do consumismo infantil

Redação enviada em 18/04/2016

Ao consultarmos nosso amplo arquívio de memórias e recordações, um dos mais marcantes momentos de nossa infância de certo é a ida semanal ao mercado. Agendada periodicamente, toda criança - ou a grande maioria - de certo já vivenciara tal experiência, qual mais parecia uma grande excursão ou uma longa brincadeira que envolvia e estreitava as relações entre pais e filhos. Em tal contexto, ao adentrar ao mercado, usualmente, invertem-se os papeis: a criança passa de "dominado" para "dominador", apontando para qualquer produto que chame a sua atenção e persuadindo com sua tenra voz e olhinhos brilhantes aos pais a colocarem mais e mais itens no carrinho de despesas. Ao final da jornada ambos se deparam de frente a um enorme montante de objetos que sequer constavam na lista de compras, excedendo, por vezes, em dobro ou triplo do que era planejado. Essa cena representa a mais comum configuração familiar vigente a décadas no contexto mundial, qual pais perdem todo e qualquer poder de veto diante a necessidade obsessiva de agradar sua prole. Em instantes o "não" torna-se o instrumento de tortura que separa um sorriso de satisfação e alegria momentânea de olhares desapontados ou birras e choros em público, transformando os provedores do lar em autênticos monstros perversos. Em vista disso, o poder de persuasão dos filhos até o esgotamento da idade infantil é de força inestimável, fato que, ao ser descoberto pela inteligência capitalista, passou a ser alvo de investimento bruto do setor industrial, sendo manipulado e aproveitado minuciosamente para a sucção indireta do capital familiar. Nesse contexto, nota-se que a criança encontra-se constantemente rodeada pelos protestos apelativos da mídia, principal ferramenta da indústria capitalista, e, pela sua inexperiência e fragilidade toma-os como verdade absoluta cedendo a todo e qualquer chamamento. Sem qualquer meio de seletividade acreditam ferreamente no discurso de necessidade forjada, tomando-o como próprio e determinando a partir daí suas demandas pessoais. Diante disso, desencadeiam-se uma série de epidemias baseadas no ideal de consumo como : a competitividade doentia e a necessidade de ter sempre mais que o próximo; o individualismo e a ganância, que em conjunto acabam por criar gerações de "máquinas de consumo" materialistas sem qualquer tipo de olhar ao próximo a não ser o de comparação. Além disso, uma juventude criada a partir de ideais de consumo reduz drasticamente a demanda pelo foco intelectual. Ao passo que a mídia leva a infância ao rumo para o fútil e obsoleto, desvia-a de suas obrigações com o que de fato é duradouro, como o conhecimento. Torna-se urgente portanto a tomada de medidas para reverter o andamento da sociedade vigente. Crianças devem aprender de antemão a distinguir o que de fato é supérfluo e passageiro do que é permanente e pode incrementar sua bagagem de vida. A família, nesse ponto, deve agir não expondo a criança tão precocemente ao mundo industrial. Idas a supermercados e comerciais televisivos devem ser evitados a fim de adiarem a fixação dos ideais capitalistas e absorverem primariamente os valores morais que de fato constroem o caráter humano e formam seres capazes imunes a alienação.