Título da redação:

Anseios mal interpretados

Proposta: As consequências do consumismo infantil

Redação enviada em 27/04/2016

Não raro, ao assistir canais televisivos voltados ao público infantil, percebe-se uma constante interrupção da programação para a apresentação de brinquedos, materiais escolares e alimentos. Estes, por sua vez, são, na maioria, tematizados com personagens adorados pelas crianças. A partir disso, nota-se, atualmente, que há uma inversão de valores, na qual a criação dos filhos não mais se baseia no repasse de ensinamentos éticos e morais, mas sim, no oferecimento de produtos que condizem com o hábito consumista. O desejo de consumo do público infantil restringe-se ao anseio de poder ter em mãos o personagem do desenho que tanto gosta. Além disso, essa vontade é momentânea, visto que, todos os dias, novos desenhos e brinquedos aparecem na tela da TV e do computador. Entretanto, isso é entendido pelos pais como uma exigência, e que sem a sua concretização, a criança não terá uma criação completa e feliz. A principal consequência é que, ao disponibilizarem tudo o que os pequenos pedem, sendo que o fazem sem compreender o que há por trás da obtenção do produto, os pais condicionam as crianças a pensarem que tudo podem ter e, ainda, que felicidade é sinônimo de quantidade de bens e não de sua qualidade. Ao crescerem, o consumo iniciado na infância torna-se hábito. E a partir daí, o caminho para adultos consumistas ao extremo é praticamente inevitável. O caos que se vive hoje, com pessoas cada vez mais endividadas, pode ser considerado uma consequência desta “generosa criação”. As futuras gerações, certamente, serão afetadas por esse pensamento que é mais que capitalista, é egocêntrico. O ininterrupto consumo é fruto da sensação de que nada é suficiente para suprir suas vontades. E se, por um acaso, algo vem a supri-las, cria-se uma nova necessidade para que seja preenchida com um novo produto. Esse ciclo é o que move pessoas a trabalharem cada vez mais arduamente para proporcionar o melhor dos produtos para elas mesmas e para seus descendentes, o que, consequentemente, corrobora com o consumismo. A ideia de que crianças precisam de tudo o que pedem é errada e, para barrá-la, é preciso que os pais mudem seu comportamento. Oferecer a sua presença à criança, para que ela entenda os verdadeiros valores necessários à vida, e aprender a dizer não, com a certeza de que isso não gerará nenhum trauma no futuro, são importantes passos. Dessa maneira, ensinando-as a valorizarem o que se tem, minimiza-se os efeitos do consumismo infantil e cria-se seres humanos mais responsáveis com seu capital.