Uma juventude conturbada, cortada por relações familiares superficiais faz de Bento Capitolina, por história, mais um personagem da realidade brasileira. Lidar com a solidão e outros distúrbios é um caminho até as drogas e das conseqüências vê-se as mais diversas. As diferentes realidades levam a diferentes escolhas. Se a junção de individuo e contexto em Dom Casmurro não guiasse Bentinho a contar sua história, ele seria um usuário em potencial. A sociedade, no entanto, segrega aqueles que por infinitas razões seguiram pela trilha das drogas. O viciado é altamente marginalizado e essa é uma das consequências mais impactante do avanço das drogas no Brasil. Os ditos sóbrios apenas pioram a situação psicológica e identitária dessas pessoas. Além dessa relação direta há ainda um confronto pior. Atualmente se fala muito sobre a guerra as drogas, que consiste teoricamente em derrotar o tráfico e toda essa estrutura “inebriante”. Na realidade, a única guerra que tem sido travada é contra a pobreza, contra a juventude negra e da periferia. Subir a favela atrás da violência é um erro histórico. A insegurança se esconde nessas comunidades justamente pela negligencia pública que elas sofrem há décadas. Lutar contra o tráfico e pela vida das pessoas é lutar contra o que vem de cima na hierarquia político-econômica do país. Portanto, à essas consequências devemos tomar decisões. São necessárias ações conjuntas entre escolas, universidades e ONGs. Primeiramente por um esclarecimento da sociedade das questões relacionadas às drogas, com palestras e semanas de convivência que explicitem essa responsabilidade coletiva. E também, incentivar uma abertura dos eixos de trabalho e profissionalização dos ex-viciados, por uma realidade mais machadiana, justa e segura.