A utilização de substâncias químicas para a obtenção de efeitos alucinógenos remete desde a Idade Média, em que o ópio era intensamente consumido pelos asiáticos. Nesse contexto, no Brasil, observa-se que as drogas permanecem sendo um produto altamente produzido e consumido, cuja utilização aumenta devido, sobretudo, à facilidade existente no acesso a elas e à falta de assistencialismo aos dependentes químicos. A alta lucratividade do tráfico de entorpecentes deve-se ao baixo custo de produção que, somado à alta demanda de consumo, resulta em uma sujeição cada vez maior de indivíduos a essa atividade. Por outro lado, é válido associá-la, também, à facilidade de atuação que o Estado tem oferecido a esse comércio, haja vista a fiscalização precária no transporte da droga e a corrupção que tem envolvido os próprios policiais no mundo do trafico. Dessa forma, tais fatores resultam na colocação do país como o segundo maior mercado de cocaína e derivados da América, segundo aponta a Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, outro fator contribuinte do avanço das drogas no Brasil é a crescente reinserção de ex-usuários no vício do consumo. Como a constituição dos entorpecentes atua de maneira a estimular a dopamina no organismo – neurotransmissor da dependência -, parar de utilizá-las não é uma atitude simples para os usuários. Logo, a presença de centros de reabilitação gratuitos é peremptória para facilitar essa ação e reinseri-los na sociedade, porém, embora esse assistencialismo esteja prescrito na Constituição, o desvio dos recursos destinados a esse setor e a inadvertência pública impedem a efetividade desse serviço. Nessa perspectiva, para que seja possível diminuir o consumo de drogas no país, mostra-se, portanto, necessária uma ação conjunta entre Estado e sociedade. Para tanto, cabe à Secretaria Nacional de Segurança Pública reforçar os projetos de combate ao tráfico de entorpecentes, por meio de fiscalizações periódicas e a viabilização da prisão de criminosos, visando diminuir a impunidade e o crescimento do tráfico. Ademais, é imprescindível que o terceiro setor – composto por associações de indivíduos que se organizam para buscar melhorias na sociedade -, por meio de recursos concedidos pelo Poder Público, crie centros assistenciais, nos quais usuários seriam acompanhados por médicos e psicólogos e que, ainda, teriam como funcionários os próprios pacientes, objetivando reinseri-los no corpo social. Afinal, à guisa de Shakspeare em Hamlet, o homem é uma obra de arte, nobre na razão e determinado nas ações, podendo, assim, esperar dele grandes transformações.