O poeta brasileiro, Manuel Bandeira, vislumbrou em Pasárgada um mundo perfeito e idealizado para se refugiar de uma realidade na qual o eu-lírico não era feliz. Assim, o autor evidencia a insatisfação dos indivíduos em relação ao mundo concreto. Na atualidade, essa procura por se afastar dos problemas enfrentados no cotidiano tem se enquadrado numa grave questão social, o avanço das drogas. Visto que, o efeito dos entorpecentes proporciona, momentaneamente, alívio e prazer. A princípio, é válido ressaltar que o crescente uso de drogas está diretamente relacionado com a estrutura de sociedade em que vivemos. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a sociedade atual é fluída, inconstante e efêmera. Essa característica descrita por Bauman, é oriunda da ideologia de consumo, onde tudo pode ser adquirido, inclusive a felicidade. Dessa forma, o corpo social pressiona os indivíduos a buscar meios rápidos e eficazes que proporcionem, a falsa sensação de prazer e o alinhamento com a satisfação dos demais. Nesse contexto, as drogas são tidas como uma saída acessível para atender os requisitos da sociedade. Assim, os mais vulneráveis a se tornarem usuários são os adolescentes, que crescem nesse sistema e precisam se fixar em uma sociedade móvel. Além disso, a imaturidade e a incapacidade de lidar com a frustração lançam os jovens a quadros depressivos. A propósito, a depressão, a ansiedade e outros transtornos psicológicos são características antecedentes dos usuários de drogas, expondo a fragilidade desse grupo. Ademais, o avanço das drogas representa, além das questões do tráfico, um problema de saúde pública. Dado que, os narcóticos promovem um fluxo de dopamina que, além de gerar o prazer, atinge as regiões que controlam os processos decisórios. Acrescenta-se a isso, as crises ocasionadas pela abstinência com sintomas físicos como tremores, sudorese, taquicardia entre outros. E, para suprir essa dependência química, os usuários lançam mão de furtos, passam dias longe de casa e correm o risco de contraírem doenças por objetos contaminados. Fica claro, portanto, que o crescimento das drogas no Brasil dever ser contido. Logo, cabe medidas de curto prazo como para o Executivo, instituir mais centros de reabilitação de narcóticos com psicólogos, médicos, fisioterapeutas, educadores entre outros. Outra medida orientada pelo governo seria implantar nas escolas projetos com palestras e aulas para disseminar maior informação referente às drogas e seus efeitos. Já uma ação em longo prazo caberia ao terceiro setor, ONGs e a sociedade, promovendo a mudança do comportamento social através de debates públicos e da educação familiar. Só assim materializaremos Pasárgada.