Os casos de microcefalia no Brasil aumentaram vertiginosamente, para muitos pesquisadores esse aumento é intrínseco às infecções por zika vírus, cujo vetor é um velho conhecido dos brasileiros, o mosquito Aedes aegypti. Configura-se, dessa forma, como uma questão de saúde pública, além de reacender o debate sobre o aborto no país. Apesar dos esforços governamentais contra o vetor da doença, os números de infecções parecem não diminuir. De fato, erradicar o mosquito se mostra impossível, e os esforços visam manter sua população em um nível aceitável e alertar os cidadãos em relação aos perigos de manter água parada em suas residências, as quais constituem os principais criadouros do vetor. No entanto, o grande empecilho para uma maior efetividade dessas campanhas é muito mais complexo, se trata dos problemas de infraestrutura, bem como a falta de coleta de resíduos sólidos com acumulação de lixo nas cidades, o que cria um ambiente favorável ao acúmulo de água e reprodução do Aedes aegypti. Sendo assim, as mulheres de classe baixa estão bem mais vulneráveis a contraírem o zika vírus, e caso fiquem gestantes, o feto pode sofrer com malformações graves. Esta é uma realidade infeliz, tendo em vista a precariedade da saúde pública no país. Além disso, fetos diagnosticados com uma circunferência menor que a média não podem ser abortados. O que evidencia o caráter retrógrado das leis brasileiras, bem como o forte controle sobre os corpos femininos. Diante do que foi exposto, fica claro que o combate ao vetor deve ser intensificado a fim de reduzir as infecções. Logo, campanhas de conscientização, em todas as épocas do ano, devem ser promovidas pelo governo, além disso, as autoridades devem aplicar multas sobre aqueles em cujas residências forem encontrados focos do mosquito. Não obstantes, os serviços de coleta de lixo e sanitários devem ser reforçados. Outrossim, incentivar pesquisas científicas que objetivem erradicar o vetor se mostra promissor. E, finalmente, um projeto de lei que permita o aborto em casos de microcefalia deve ser estudado, uma vez que é direito da mulher decidir se terá ou não um filho.