A microcefalia é uma má formação congênita em que há diminuição da circunferência craniana devido a um desenvolvimento debilitado do cérebro do bebê. Recentemente, notou-se aumento significativo no número de casos da patologia no Brasil e essa situação traz sérias preocupações. Nesse sentido, urge a necessidade de combater o avanço da microcefalia e tratar a saúde pública com maior prioridade. Em uma primeira análise, sob a ótica socioeconômica, percebe-se que a continuidade desse cenário afetará, em maior escala, a parcela mais carente da população. Em relação ao acesso a saúde de qualidade, há, indubitavelmente, grande defasagem entre as áreas consideradas mais nobres do país e aquelas marginalizadas. O descompasso é notório, também, na questão do acesso a informações sobre prevenção e tratamento adequados, o que dificulta o combate à microcefalia pela população mais pobre e pode tornar a patologia mais mortal. Dessa forma, agir contra a situação de descaso vivida pelos indivíduos mais desfavorecidos é fundamental. Além disso, o baixo investimento em saúde pública, se não modificado, poderá agravar, ainda mais, o quadro da doença no Brasil. Nessa perspectiva, nota-se que a má gestão governamental, além de negligenciar o direito à saúde - garantido, pela Constituição Federal, a todo e qualquer brasileiro -, compromete a qualidade dos serviços hospitalares e atrasa exames e diagnósticos. Segundo Alberto Beltrame, secretário de Atenção a Saúde, o período de vida de 0 a 3 anos de idade é o que confere maiores chances de reversão de possíveis sequelas causadas pela microcefalia. O tratamento precoce, portanto, é mais eficaz e qualquer atraso é perigoso. Desse modo, a posição negligente das esferas públicas afetam, gravemente, o progresso dos casos clínicos. Fica claro, portanto, que a alta incidência da microcefalia no país, reforçada pela marginalização de parte da sociedade e a ineficaz gestão sanitária do governo, deve ser superada. Cumprindo seu papel social, a mídia pode colaborar divulgando, em canais televisivos abertos e em horário nobre, propagandas governamentais que orientem a população acerca da doença e das devidas atitudes a serem tomadas, a fim de democratizar a informação. Para possibilitar melhor qualidade às crianças afetadas e medidas preventivas mais eficientes, o Poder Executivo deve atuar na melhoria da saúde pública, aplicando maiores verbas nos hospitais públicos e nas pesquisas acadêmicas acerca da microcefalia. Dessa maneira, será possível evitar a tenebrosa perpetuação da microcefalia no Brasil.