Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: As consequências das bolhas sociais no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 01/04/2019

Na “Alegoria da Caverna", de Platão, o prisioneiro que conseguiu fugir e ver o mundo real, ao voltar e contar aos seus companheiros, foi escorraçado e tido como louco. Essa reação violenta perante o desconhecido é algo muito vivenciado hoje e, infelizmente, potencializado pelas redes sociais, cujos algoritmos de buscas usam as informações do usuário para lhe mostrar apenas o condizente com os seus gostos, o que colabora para deixá-lo mais preso em sua bolha social, local seguro compartilhado por pessoas com os mesmos ideais e interesses, uma verdadeira caverna distante do mundo real. Dessa forma, as pessoas ficam cada vez mais sensíveis a opiniões contrárias, pois adquiriram a ilusão de que apenas a sua visão é a certa, pensamento que gera violência nas redes sociais e paralisia intelectual. Em primeira análise, é válido lembrar que o ser humano busca naturalmente a companhia de quem pensa igual a ele, afinal é insuportável conviver com alguém que só lhe contraria. Entretanto, atualmente vive-se o extremo dessa segregação, porque por meio das redes sociais foi possível conectar um número muito maior de pessoas com as mesmas ideias, essa “multidão” fornece ao indivíduo a segurança que ele precisa para atacar o “inimigo”, que na verdade é só quem pensa diferente. Tal violência pôde ser vista de forma mais intensa na época das eleições, quando um capoeirista foi assassinado por criticar um candidato. À vista disso, fica claro que, como as bolhas sociais estimulam a intolerância, elas têm tornado as pessoas mais violentas. Ademais, na medida em que alguém passa a viver rodeado apenas de pessoas e notícias que simplesmente confirmam as suas opiniões já formadas, não há evolução alguma nas suas ideias. Afinal, para se chegar a uma conclusão, é necessário a dialética, que consiste justamente no processo de contrapor ideias com o diálogo, pois só assim a verdade seria alcançada. No entanto, ninguém quer expor sua opinião a argumentos contrários e, de fato, as bolhas sociais protegem as pessoas de tudo que as contraria. Desse modo, vive-se em uma época de paralisia intelectual, pois, como as pessoas não entram em contato com ideias opostas, não há debate, não há dialética, não há evolução. Assim sendo, com o intuito de mudar a forma como as discussões são travadas atualmente, de modo a levá-las para um âmbito construtivo e evitar a violência verbal e física, cabe às pessoas, como agentes transformadores da sua própria vida, buscar continuamente entrar em contato com pensamentos diversos e exercitar o ouvir, para assim tentar entender como o outro pensa e, talvez, melhorar a sua maneira de pensar também. Essa experiência de descoberta inclui explorar tudo o que lhe é estranho, para realmente sair da sua zona de conforto, pois a bolha social mantém a pessoa cercada do que lhe é agradável, mas não significa que tudo o que está fora dela é negativo. Consequentemente, poderia haver um vivenciamento mais amplo do mundo real, um que não se limite a meros reflexos na parede de uma caverna.