A criação e eventual repercussão das bolhas sociais no Brasil, nos dias atuais, dialoga diretamente com uma espécie de alienação em cadeia. A bolha social é um fenômeno relacionado à privação da interação entre pessoas com interesses ou características distintas. Como resultado, pode acarretar uma forma de menosprezo, ou até mesmo, exclusão de indivíduos ou minorias que possam vir a divergir de determinado posicionamento, ideia ou costume. De acordo com o filósofo grego Aristóteles, o ser humano é um animal social por natureza. Sob esse viés, quando essa característica é negada, em um primeiro momento, poderá implicar somente em um possível desinteresse. Em um momento posterior, poderá evoluir para uma postura mais incisiva e até intolerante. Nessa perspectiva, a falta de tolerância implicaria desrespeito à diversidade humana, conduta que certamente limita não só o indivíduo, mas a sociedade como um todo. A Constituição Federal Brasileira assegura aos cidadãos, em diversas passagens, o respeito à pluralidade de opiniões, a liberdade de crença, seja ela de natureza filosófica, política, cultural ou ideológica, assim como a não discriminação. Dessa maneira, negar ao cidadão brasileiro o direito de se expressar, criando barreiras e bolhas de qualquer tipo, é negar toda a base do ordenamento jurídico pátrio, assim como todos os direitos e prerrogativas conquistados até então. Logo, torna-se imperativo cortar as raízes desse processo de "aculturação" da intolerância. Faz-se necessária uma atitude governamental visando fomentar a inclusão dos brasileiros em variados aspectos: democratizando e expandindo o acesso à informação; investindo em uma educação de cunho pedagógico notadamente crítico e voltado para a realidade social, sem desconsiderar novas ideias e debates; e usar meios de comunicação para veicular os mais diversos pensamentos e culturas desenvolvidos em todo o país, com o intuito de reduzir progressivamente essa alienação.