Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: As consequências das bolhas sociais no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 02/08/2018

Ana Beatriz Barbosa, escritora e psicóloga, em “Mentes perigosas”, define “consciência” como a responsabilidade gerada pelos laços afetivos construídos. Todavia, a existência das bolhas sociais, incumbidas da formação de indivíduos alienados, torna impraticável o desenvolvimento de uma consciência reflexiva, essencial ao combate à intolerância social, traço marcante na sociedade brasileira. Ademais, a ausência de princípios e a inversão de valores, resultados da supressão da individualidade, são responsáveis pela ignorância política da população, a qual afeta, diretamente, a democracia. No conto “O Espelho”, de Machado de Assis, Jacobina sofre ao observar seu cargo de alferes sobrepor sua humanidade e identidade. Consoante à personagem, as bolhas sociais configuram-se como a limitação da percepção pelo apego aos interesses individuais, fato visível nas plataformas virtuais, nas quais, de forma análoga, as pessoas são categorizadas e direcionadas, unicamente, ao material com que se identificam ideologicamente. Por conseguinte, o pensamento intolerante e o preconceito são reafirmados, confirmado por Immanuel Kant, filósofo prussiano, que determina preconceito como toda concepção aceita sem reflexão pessoal. Destarte, o constante reforço das ideias preconcebidas atua na perpetuação do machismo, racismo, homofobia, entre outros males sociais. As bolhas sociais encontram o ápice de seu potencial de devastação quando concernem ao destino do país. Visto isso, a intolerância política proporciona, além da limitação do conhecimento pela ausência de debates, a contaminação da razão pública. Segundo John Rawls, filósofo político e professor de Harvard, a razão pública consiste na fundamentação das escolhas essenciais à justiça no espaço público de uma democracia constitucional, e só será, eventualmente, possível, se os atores públicos e privados se despojarem de suas respectivas doutrinas filosóficas e morais pelo bem da sociedade, cenário incompatível, por exemplo, com a segregação ideológica proveniente das bolhas sociais. É imprescindível a reversão deste quadro ao planejar-se uma real transformação política e social. Para tanto, as instituições educacionais, orientadas pelo MEC, por intermédio de palestras educativas e treinamento de profissionais, devem incentivar a consciência crítica apta a interpretar as informações do cotidiano e buscar novas opiniões e fontes. Além disto, é insubstituível a participação do governo federal ao penalizar os meios midiáticos que se apropriarem de algoritmos e filtros para modificar a visibilidade nas redes sociais, ferindo o direito do cidadão de escolher a informação. Desse modo, o esforço para aproximar os brasileiros alcançará a distância causada pelas bolhas.